Henrique Alves pede demissão do Turismo; é a terceira baixa no governo interino em um mês

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Quando estava a poucos passos de assumir interinamente a Presidência da República, no vácuo do afastamento de Dilma Rousseff, o peemedebista tentou formar ministério de notáveis, mas a necessidade de aprovar medidas econômicas no Congresso obrigou a render-se ao viés eminente político da equipe de governo. Apesar dessa encruzilhada, Temer errou sobejamente ao nomear políticos investigados em escândalos de corrupção, especial no caso do Petrolão, derrubado pela Operação Lava-Jato.

Com pouco tempo para tentar recolocar o País nos eixos, Michel Temer tem pela frente poucas brechas para erros. Isso significa que acertar na condução do governo tornou-se mais que obrigação. Depois de instalar “enrolados” em cargos de destaque e de confiança, o presidente interino precisou agir com celeridade nos bastidores para evitar que as denúncias de escândalos contaminassem o governo.

O primeiro a ser “degolado” foi Romero Jucá, que deixou o importante Ministério do Planejamento com a promessa de que voltaria. O que não aconteceu por questões óbvias. O demitido seguinte foi Fabiano Silveira, ministro da Transparência.

Alguns outros ginetes políticos também poderão ser apeados dos respectivos cargos a qualquer momento, mas a mais nova vítima é o peemedebista potiguar Henrique Eduardo Alves, que há instantes renunciou ao comando do Ministério do Turismo, pasta que já havia ocupado na era Dilma. Aliás, Alves foi primeiro integrante do PMDB a abandonar o barco petista quando seu partido rompeu relações com a agora presidente afastada.


Se na condição de investigado na Lava-Jato a situação de Henrique Alves não era das mais confortáveis, depois da frágil delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, o constrangimento aumentou em questão de horas. E a renúncia de Alves pode ser interpretada como endosso à delação de Machado.

Como afirma de maneira reiterada o UCHO.INFO, a delação premiada de Machado é inconsistente, pois baseia-se no “diz que me diz”, e exalar o olor da missa encomendada. Afinal, essa balbúrdia jurídica que serviu apenas para acirrar a crise política atende aos interesses do partido que foi afastado do governo central.

As informações fornecidas por Sérgio Machado à força-tarefa da Lava-Jato são frágeis em termos de comprovação, mas mesmo assim assistiu à mais célere aprovação e homologação de uma delação premiada. Nem mesmo o acordo de colaboração premiada de Delcídio Amaral, que tinha conteúdo consistente e o caminho das provas, foi sacramentado em tão pouco tempo.

É fato que qualquer governo deve seguir o provérbio acerca da conduta de Pompeia Sula, a mulher folclórica do imperador romano César – a quem não bastava ser honesta, mas parecer como tal –, mas não se pode aceitar uma delação vergonhosa como instrumento de pressão. Henrique Eduardo Alves sequer deveria estar na equipe do governo, porém preciso firmeza do por parte do Palácio do Planalto diante da manobra que se esparrama na Praça dos Três Poderes.

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