Lava-Jato: pífia em termos de provas, delação de Sérgio Machado alimenta a máquina do denuncismo

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A delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, aceita de maneira extremamente fácil pela Procuradoria-Geral da República, impulsiona no País o “denuncismo”, ou seja, denuncia-se a esmo e sem provas com o estrito objetivo de nivelar a classe política por baixo. Em suma, são todos iguais, todos corruptos.

O UCHO.INFO não tem procuração para defender qualquer dos acusados de recebimento de propina na esteira do Petrolão, mas indigna-se pelo fato de ser desprovido de isonomia o tratamento dado aos delatores. Alguns dos que decidiram colaborar tiveram as informações prestadas checadas submetidas a exaustiva checagem, ao passo que no caso de Machado esse procedimento foi mais célere, quiçá não tenha sido frouxo.

Em relação ao tempo que demorou a aprovação e a homologação do acordo de delação de Sérgio Machado, tudo soa estranho, pois o que foi denunciado é desprovido de provas. Isso cria a sensação de que é possível denunciar, mesmo que a acusação seja mentirosa, apenas para minimizar eventual pena.

De acordo com o delator, muitos políticos receberam valores de propina em espécie, afirmação que precisa de detalhes mais sólidos, como, por exemplo, a origem dos recursos e o local onde o montante foi sacado. Segundo consta, qualquer movimentação financeira fora do padrão do cliente deve ser comunicada ao COAF, que por sua vez tem a obrigação de repassar a informação ao Ministério Público Federal. No caso de saques em dinheiro, a operação é cercada de cuidados ainda maiores e imediatamente informada ao COAF.

Ora, se Machado afirma que entregou R$ 18 milhões em dinheiro ao ex-senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, que aponte a fonte dos recursos, que por sua vez deve revelar o local do saque. E se isso realmente aconteceu – não há como ter sido diferente – alguém falhou nesse circuito ao não informar a movimentação ao COAF.


Sabem os leitores que este portal cultiva enormes diferenças com Sarney e seu clã político, algo explicitado em dezenas de matérias, mas é preciso salvaguardar o Estado Democrático de Direito, antes que o Brasil adote a receita de condenar sem provas. O UCHO.INFO não tem dúvida de que no imbróglio em questão a corrupção falou mais alto, mas é preciso provar a acusação que se faz.

A delação em questão é marcada por estranhezas, muitas das quais não encontram explicação em qualquer parte. Sérgio Machado denunciou políticos de vários partidos, mas o objetivo maior de sua alcaguetagem premiada era, de chofre, inviabilizar o governo interino de Michel Temer para, em seguida, dar fôlego extra à tropa de choque que defende a afastada Dilma Rousseff no caso do impeachment.

Causa espécie o fato de a grande imprensa não dar espaço a esse movimento perigoso que ronda o País, mas tal letargia explica-se pela dependência cada vez maior dos meios de comunicação em relação à usina de escândalos em que se transformou o Brasil. Como se os brasileiros aguardassem diariamente uma nova confusão, quando na verdade clamam por esperança e bom senso.

Tanto é assim, que, em meio a essa enorme balburdia jurídica, o noticiário nacional deu destaque ao desejo do PT de ingressar com um pedido de impeachment de Michel Temer com base na delação do ex-presidente da Transpetro. Sem contar a fracassada manobra dos “companheiros” para anexar a referida delação ao processo de impeachment de Dilma.

Enquanto isso, o partido responsável pelo período mais corrupto da história nacional, que já foi acertadamente comparado a uma organização criminosa, continua destilando falso moralismo e tentando ressurgir das cinzas da bandalheira. Bons tempos aqueles em que jornalismo era coisa séria!

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