Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara e acredita ser possível salvar o mandato

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Réu na Operação Lava-Jato e prestes a perder o mandato parlamentar, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou no começo da tarde desta quinta-feira (7) sua renúncia à presidência da Câmara. Líderes aliados ao peemedebista comunicaram logo cedo o Palácio do Planalto sobre a decisão do presidente afastado da Casa legislativa. A decisão surgiu depois de muita pressão nos bastidores, em especial de integrantes do governo interino de Michel Temer.

Enquanto ouvia os conselhos de aliados, Cunha buscava um acordo para antecipar a eleição à presidência da Câmara para o início da próxima semana. O candidato de Cunha para assumir o mandato tampão (termina em 31 de janeiro de 2017) é o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), mas há pelo menos outros doze parlamentares de olho na vaga.

As informações sobre a possível renúncia de Cunha aumentaram as movimentações nos bastidores e fez com que muitos deputados tivessem que retornar a Brasília, uma vez que já haviam viajado às bases eleitorais. Ao meio-dia desta quinta-feira, o PRB realizou uma reunião de emergência para escolher um candidato da legenda para participar da eleição, que terá de ser convocada até cinco sessões após a renúncia e a declaração de vacância do cargo.


Eduardo Cunha decidiu renunciar ao cargo na noite de quarta-feira (6), horas depois da sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara realizada para a leitura do relatório de Ronaldo Fonseca (PROS-DF), que acatou apenas um dos 16 questionamentos do peemedebista à tramitação de seu processo no Conselho de Ética, o qual recomendou a cassação de seu mandato.

Com a renúncia à Presidência da Câmara, Cunha acredita que terá mais condições de reverter votos na CCJ para fazer o caso voltar ao Conselho de Ética e, quem sabe, salvar seu mandato. O relator na CCJ recomendou a realização de nova votação no colegiado que julgou e condenou o peemedebista por quebra do decoro parlamentar.

Em pronunciamento feito no Salão Verde da Câmara, Cunha disse que seu gesto visava restabelecer a normalidade à Casa e permitir a votação de matérias importantes para o País, mas na verdade seu objetivo primeiro e maior é salvar o próprio mandato, o que será alvo de muitas negociações, muitas das quais iniciadas antes do anúncio da renúncia.

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