Brexit: G20 pede separação rápida e amistosa entre Reino Unido e União Europeia

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No domingo (24), os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais dos países do G20 finalizaram dois dias de reuniões em Chengdu, na China, concluindo que o “Brexit”, principal tema das conversas, gera dúvidas na economia global e que essas devem ser resolvidas de forma rápida e amistosa.

A declaração final do encontro destaca que “o resultado do referendo acrescenta incerteza à economia mundial” e que as 20 grandes economias globais estão “bem posicionadas” para encarar as consequências do “Brexit” e desejam que o Reino Unido continue a ser “um parceiro próximo” da União Europeia.

Essa postura conciliadora ainda foi demonstrada por Pierre Moscovici, comissário de Economia e Finanças da EU. Em entrevista coletiva após o encerramento da reunião do G20 ele falou de Londres como futuro “parceiro estratégico” de Bruxelas.

“O Reino Unido não será mais um membro da UE, mas sempre será um país europeu, e um dos grandes, tanto econômica como politicamente”, destacou o francês, que ratificou na necessidade de agilizar o processo de saída nas conversas em Chengdu com o colega britânico Philip Hammond.

Moscovici disse a Hammond que “quanto antes (a saída), melhor, porque tudo isto gera uma incerteza que também pode afetar a própria economia britânica”, no primeiro encontro de ambos desde que o britânico assumiu o cargo no novo gabinete de Theresa May.

O comissário europeu também disse compreender que May tenha pedido em recentes conversas com líderes de França e Alemanha que se “dê um tempo” para o Reino Unido negociar a saída da UE, mas insistiu que “se pagar o bilhete tem que ocupar o assento”.


O francês ainda quis diminuir o dramatismo a respeito do “Brexit” ao afirmar que os efeitos negativos sobre a macroeconomia europeia e britânica podem ser evitados se forem tomadas as medidas necessárias. “Podemos evitar ou limitar o possível impacto negativo do Brexit, e claramente os responsáveis políticos podem fazer isso de duas maneiras, a primeira é trabalhar para reduzir a incerteza o mais rápido possível”, destacou.

Um maior esclarecimento sobre os passos que o Reino Unido dará para sair da UE, assim como “um impulso ao investimento, a reformas estruturais e políticas fiscais inteligentes” por parte de britânicos e europeus podem evitar as avaliações preliminares que a Comissão Europeia fez na semana passada.

Nelas, o governo comunitário calculou que o “Brexit” pode diminuir entre 0,3% e 0,6% o PIB da UE e de 1% a 1,75% o do Reino Unido, números que Moscovici fez questão de alertar que eram “avaliações, não prognósticos”, por isso podem ser evitados se Bruxelas e Londres se esforçarem.

O “Brexit” dominou o encontro do G20 em Chengdu, o último de nível ministerial em 2016 antes da cúpula de líderes de Hangzhou em setembro, e ofuscou outros temas também esperados, como o recente golpe de Estado na Turquia, um dos membros da organização.

“Houve um breve discurso do representante turco e tive um encontro bilateral com ele, mas não houve uma discussão geral e isso não foi mencionado na declaração final”, ressalvou Moscovici, em relação às intenções de Ancara de incluir um parágrafo que condenasse a tentativa de golpe militar.

O texto da declaração final foi lido pelo ministro das Finanças chinês, Lou Jiwei, que mencionou outros fatores negativos para a economia mundial junto ao “Brexit”, como “os conflitos geopolíticos, o terrorismo e os fluxos de refugiados, que complicam o entorno econômico mundial”.

Outros fatores de instabilidade no panorama global são a forte oscilação das matérias-primas e a baixa inflação em alguns países, elementos que deixam uma economia mundial “mais frágil que o desejável”, ressaltou a declaração de Chengdu.

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