Impeachment: preocupação de Lula e do PT é com a possibilidade de Dilma acabar nas mãos de Moro

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Depois de abandonar Dilma Vana Rousseff em meio ao turbilhão que surge na esteira do processo de impeachment, em trâmite no Senado Federal, a cúpula do Partido dos Trabalhadores mudou de ideia e decidiu brigar pelo retorno da presidente afastada ao cargo. Tanto é assim, que integrantes da legenda recorreram à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) para tentar suspender o processo de impeachment e devolver o mandato à petista.

Dilma continua sendo um enorme peso para o partido carregar nas eleições de outubro próximo, correndo o risco de enfrentar nos palanques os efeitos colaterais da crise econômica e dos escândalos de corrupção, mas os duros recados disparados de parte a parte nos bastidores serviram para mostrar que a petista pode ser uma “bomba-relógio” se for ejetada definitivamente do poder.

A questão que amedronta os “companheiros” é o fato de Dilma, se derrotada no julgamento do processo de impeachment, perder o foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado, e acabar nas mãos do juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

Flagrada no Petrolão, mesmo que indiretamente, e alvo de revelações comprometedoras do marqueteiro João Santana e de Mônica Moura, a presidente afastada teria como escapatória um acordo de colaboração premiada.


Delatar não faz parte do currículo de Dilma, como comprova a história, mas é preciso considerar que ela tem 68 anos e sua meta não é passar o resto dos dias atrás das grades. Pelo contrário, Dilma pretende viajar logo depois do julgamento no Senado.

É pequena a chance de a presidente afastada aderir à delação, caso seja confirmado o impedimento, mas mesmo assim o staff petista está preocupado essa possibilidade e prefere não correr tantos riscos. Isso porque Dilma poderia contar o que sabe, reduzindo o tempo de eventual pena. Se isso acontecer, Lula seria levado de roldão pelos depoimentos da sucessora.

Tal quadro também não combina com a personalidade e a vaidade de Dilma, porém é melhor evitar surpresas. Em outro pronto do imbróglio está Luiz Inácio da Silva, que divide seu tempo entre falar com os advogados que o defendem na Lava-Jato, sua tentativa de ressurgir politicamente e conselhos à sucessora.

O lobista-palestrante sabe que abandonar Dilma não é a melhor receita, mas defendê-la pode ser um dolorido tiro no pé. No contraponto, o ex-metalúrgico tem consciência de que Dilma sabe muito mais acerca de escândalos palacianos do que os “companheiros” gostariam. Implodir o processo de impeachment é algo inviável, por isso a estratégia petista mudou de rumo e agora a ordem é tentar contornar a confusão de todas as maneiras. Mesmo que sem garantia de sucesso.

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