Hipócritas e falsos, Lula e Rui Falcão acompanharão a votação do impeachment ao lado de Dilma

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Milagres acontecem, mas a política não é a seara mais recomendada para esses feitos. Afinal, entre políticos santo não tem vez. Ciente de que a derrota já lhe bate à porta, a presidente afastada Dilma Rousseff ainda tem esperança de que a sorte pode se fazer presente. Para tanto, a petista decidiu acompanhar a votação do impeachment, marcada para começar às 11 horas desta histórica quarta-feira (31), no plenário do Senado, ao lado do antecessor Lula e do presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Desde que deixou o PDT e passou a conviver partidariamente com os chamados “companheiros”, Dilma jamais deixou de ser considerada uma “cristã nova” na legenda. Isso porque seu perfil tem escassos pontos de identidade com os históricos do partido. Como não faz parte da célula mater petista, Dilma será sempre uma carona mais qualificada, nada além. Alguém há de dizer que próceres da legenda ocuparam lugares de destaque nas equipes de Dilma, mas isso se deu por desconfiança dos verdadeiros donos do PT.

Escolhida para disputar a Presidência da República em 2010 porque o PT tinha – e ainda tem – uma inequívoca deficiência de nomes à altura dessa empreitada, Dilma só chegou ao cargo por conta do oportunismo barato da cúpula petista e dos marqueteiros do partido. Viram no fato de ter uma mulher candidata a chance de perpetuação no poder, abrindo a Lula a chance de retornar ao Palácio do Planalto em 2014. Dilma descumpriu o combinado e seus dias não foram mais os mesmos.


Não há dúvida que a hipocrisia reina absoluta no meio político, mas nada pode ser mais hipócrita do que a presença de Lula e Falcão ao lado de Dilma nas últimas horas antes de a petista ser despejada do cargo.

Essa solidariedade de ocasião ganha o viés da falsidade quando analisado o quadro que mais convém ao PT e a Lula. O impeachment de Dilma é o cenário mais favorável para que o partido tente não desaparecer da cena política nacional. Assim como serve para que Lula alimente sua eventual participação na corrida presidencial de 2018.

Se a agora ex-presidente retornasse ao cargo, essas possibilidades simplesmente desapareceriam. Dilma não teria condições mínimas de governança e muito menos capacidade de reverter a mais grave crise econômica da história do País. E para que Lula mantenha o sonho de ser candidato novamente é preciso que tudo dê errado nos próximos dois anos, desde que no comando da lambança não esteja algum petista.

Mas há de existir uma explicação para esse encontro do trio no momento derradeiro de Dilma como presidente, mesmo que ainda afastada. Lula precisa da narrativa do golpe para se defender no âmbito da Operação Lava-Jato, antes que acabe atrás das grades. Do contrário, a tese mentirosa de que é alvo de perseguição e de violação dos direitos humanos cai por terra em questão de minutos.

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