Presença de Lula na posse da nova presidente do STF foi sob medida para o discurso anticorrupção

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Para quem criticou o convite feito ao alarife Lula para participar da posse da ministra Cármen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde de segunda-feira (12), a presença do petista no evento foi uma especial oportunidade para a Corte mandar um duro recado aos corruptos. Isso porque a cerimônia foi marcada por pelo menos dois duros discursos contra a corrupção: o do decano do STF, ministro Celso de Mello, e o do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Escolhido para fazer o discurso de apresentação da nova presidente do Supremo, Celso de Mello, na esteira de duro e longo pronunciamento, disse que fatos recentes mostram como se formou “no âmago do aparelho estatal e nas diversas esferas governamentais da Federação uma estranha e perigosa aliança entre determinados setores do Poder Público, de um lado, e agentes empresariais, de outro, reunidos em imoral sodalício com o objetivo ousado, perverso e ilícito de cometer uma pluralidade de delitos profundamente vulneradores do ordenamento jurídico instituído pelo Estado brasileiro”. O decano foi além e falou em “delinquência governamental”.

Fazendo menção a Ulysses Guimarães, Celso de Mello afirmou que a corrupção é “o cupim da República” e que “não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube” é o primeiro mandamento moral. Celso de Mello foi efusivamente aplaudido pelas autoridades que participaram do evento.


Entre os participantes da cerimônia estavam vários políticos envolvidos em corrupção e investigados pelas autoridades, porém os mais incomodados com as duras palavras do decano eram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Edison Lobão (PMDB-MA), o ex-presidente Lula e o governador Fernando Pimentel (PT), de Minas Gerais.

Além disso, a presença de Lula no evento foi importante, ao contrário do que afirmou nos últimos dias a opinião pública, pois deixou claro que o petista nem de longe é perseguido pelo Judiciário brasileiro, o que compromete sua oportunista e desesperada tentativa de recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

No contraponto da intempestiva e desnecessária indignação que surgiu no vácuo do convite feito a Lula, ter parcimônia diante dos fatos é essencial para que o Brasil livre-se da crise múltipla e consiga com celeridade virar uma das mais negras páginas de sua história.

Se houve na cerimônia de posse uma decisão acertada por parte da nova presidente do STF, essa foi o convite feito a Lula, que a essa altura está muito mais preocupado do que antes. Até porque, se continuar recorrendo à Corte, como vem fazendo nos últimos tempos, o início do seu calvário será antecipado.

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