Temer diz “o governo não é tão idiota” ao tentar desfazer mal-entendido sobre direitos trabalhistas

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Michel Temer, o presidente da República, deixou de lado por alguns instantes a fala correta e eclética, com direito a mesóclises e outros preciosos acessórios gramaticais, para adotar um discurso mais simples e eficaz. Possivelmente aconselhado por assessores, Temer acrescentou pílulas de informalidade para desfazer mal-entendidos.

Nesta quarta-feira (14), durante a posse da nova advogada-geral da União, Grace Mendonça, o presidente reclamou das informações distorcidas que surgem no rastro de decisões do governo. Temer referiu-se à polêmica criada a partir do anúncio da proposta de flexibilização da jornada de trabalho, que poderá chegar a 12 horas, desde que na somatória da semana não ultrapasse as 44 horas (mais 4 horas extras) previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

“Não é o que se alardeia, não é o que se divulga. Então se deixa de reproduzir a verdade dos fatos, e isso cria problemas para nós. Porque, convenhamos, é muito desagradável imaginar que um governo seja tão estupidificado, tão idiota, que chega ao poder para restringir o direito de trabalhadores, acabar com saúde e acabar com a educação”, afirmou Michel Temer na cerimônia palaciana.

A crise econômica devasta o País há alguns anos e medidas precisam ser tomadas para reverter o caos, mesmo que essa mudança demore a alcançar sua plenitude. O desemprego está em patamar preocupante e algo precisa ser feito para diminuir esse contingente. E isso só será possível com algumas mudanças nas regras trabalhistas, sem que direitos sejam retirados. Em suma, ou muda-se a legislação para dar oportunidades a quem está fora do mercado de trabalho (desempregado ou na informalidade) ou aceita-se a ideia de que dentro de alguns anos o País irá pelos ares.


Se há algum idiota nesse imbróglio – a palavra foi mencionada pelo presidente –, esse é o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que não sabe se expressar e acabou enfrentando uma carraspana presidencial. No momento em que o governo propõe que a jornada de trabalho pode chegar a até 12 horas, não há novidade no anúncio, pois algumas categorias profissionais (enfermeiros e policiais, por exemplo) trabalham no esquema 12 horas por 36 de descanso, sem ultrapassar a carga horária limite definida pela CLT.

Ciente de que a oposição atual é peçonhenta e está à espera de algum tropeço do governo para engrossar o coro enfadonho do golpe, o Palácio do Planalto precisa ter mais cuidado ao tomar decisões, talvez deva contratar uma especialista em “media training” para ajudar ministros que sofrem de fala desconexa e pensamento idem.

O governo demorou demais para esclarecer a confusão, enquanto a raivosa oposição aproveitava o fato para incendiar os protestos “Fora Temer”. Tanto é assim, que do nada as manifestações passaram a exibir faixas e cartazes com a inscrição “nenhum direito a menos”. Ninguém do governo falou em retirada de direitos, mas em adequação das regras trabalhistas à realidade atual. Aliás, se hpa no Brasil alguém que na história recente retirou direitos dos trabalhadores, essa é Dilma Rousseff, a ex-presidente, que mentiu deslavadamente na eleição de 2014.

A esquerda bandoleira, que teve interrompido um projeto criminoso e totalitarista de poder, quer a qualquer preço retornar ao centro da cena política com o discurso oportunista e inconstitucional de “eleições já”. Ou o governo de Michel Temer modula o discurso ou prepara-se para enfrentar a oposição rasteira, que nada tem a apresentar, mas fará barulho com o tambor alheio.

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