Acreditando ser a versão laranja de Messias, Trump abusa do populismo em discurso de posse

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O estilo bufão do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, lembra a picaretagem intelectual de Luiz Inácio da Silva, o dramaturgo do Petrolão, o maior esquema de corrupção de todos os tempos. Afinal, cada um a seu modo consegue abusar do populismo barato. Fosse sua assessoria mais íntima da destroçada realidade brasileira, Trump teria usado em seu discurso de posse o mantra “nunca antes na história deste país”.

O novo inquilino da Casa Branca disse que enquanto os políticos enriqueciam em Washington, a população norte-americana empobrecia. Como se até agora nada tivesse acontecido na terra do Tio Sam, talvez em todo o planeta. A bordo de um discurso recheado com largas doses de messianismo de camelô, Trump não demorará muito para adotar a tese da herança maldita, muito usado por Lula para justificar de forma antecipada a própria incompetência.

“Nós, cidadãos da América, estamos agora unidos em um grande esforço nacional para reconstruir o nosso país e restaurar a promessa para todo o nosso povo. Juntos vamos determinar o curso da América e de todo o mundo por muitos anos. O establishment protegeu a si próprio, mas não os cidadãos de nosso país. As vitórias deles não foram vitórias do país. Esse dia marca a data em que o povo se tornou soberano desta nação novamente”, disse Donald.

Alguém precisa avisar ao novo presidente dos Estados Unidos que sua popularidade ao assumir o cargo é de 40%, bem menor do que de Barack Obama ao deixar a Presidência do país. Sendo assim, falar em união é no mínimo excesso de ousadia. Trump foi eleito legitimamente, dentro das regras eleitorais norte-americanas, mas não se deve esquecer que populismo não é e jamais será varinha de condão.


A lua de mel do eleitorado com o novo presidente terminará assim que muitas das promessas de campanha demorarem a ingressar na seara da realidade, se é que isso será possível. É o caso da geração de empregos, algo que não acontecerá da noite para o dia, como espera a maioria dos eleitores de Trump, que precisará encontrar uma fórmula mágica para mostrar serviço.

“O crime, as gangues e as drogas roubaram muitas vidas. Essa carnificina americana termina agora”, disse Donald Trump, após destacar que muitas famílias encontram-se em estado de pobreza, principalmente no interior do país. “Somos uma nação, e sua dor é a nossa dor, seus sonhos são os nossos sonhos, e seu sucesso será agora o nosso sucesso”. Como disse o megainvestidor George Soros, o novo presidente norte-americano é um “aprendiz de ditador”. E seu discurso populista não nega isso.

“A proteção nos guiará rumo a grande prosperidade e força. Vou lutar por vocês com cada respiração do meu corpo, e nunca vou desapontá-los. A América vai começar a ganhar outra vez, vencerá como nunca antes. Vamos trazer de volta nossos trabalhos. Vamos trazer de volta nossas fronteiras, nossa riqueza. E traremos de volta nossos sonhos”, emendou o magnata e dublê de presidente dos EUA. Em suma, Trump acredita que a versão laranja e moderna de Messias.

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