França: aumenta a pressão para que François Fillon deixe a corrida presidencial

Faltando 51 dias para a eleição presidencial na França, cresce a pressão para que o candidato conservador François Fillon, investigado por supostos empregos fictícios para a esposa e os dois filhos, abandone a corrida eleitoral.

A campanha de Fillon sofreu mais um golpe nesta sexta-feira (2), desta vez com o pedido de demissão de seu porta-voz, Thierry Solère, somando-se a uma longa lista de deserções. Também abandonaram a campanha dois diretores-adjuntos, o tesoureiro e o porta-voz para questões de política externa. Dezenas de deputados retiraram seu apoio ao candidato.

Também nesta sexta-feira, o ex-primeiro-ministro francês e atual prefeito de Bordeaux, Alain Juppé, assegurou a pessoas próximas que está disposto a substituir Fillon caso o candidato do partido “Os Republicanos” desista da corrida eleitoral.

O antigo rival de François Fillon nas primárias da centro-direita afirma que mantém-se fiel ao atual representante de seu partido, mas que aceitaria ocupar seu o posto caso necessário, noticiou nesta sexta-feira a imprensa francesa.

Alguns dos políticos que já retiraram apoio à candidatura de Fillon mencionaram Alain Juppé como possível substituto. O ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin e a eurodeputada Nadine Morano pediram para que Fillon deixe a corrida presidencial. “Se ele seguir adiante apesar de tudo, estaremos num beco sem saída”, declarou Morano.

Na quarta-feira (1), Fillon disse que será formalmente investigado por ter supostamente criado empregos falsos para a esposa e os filhos, mas que mantém sua candidatura às eleições marcadas para 23 de abril.

No sábado (4), François Fillon deve apresentar seu programa político à sociedade civil em Aubervilliers, ao norte de Paris. O candidato espera reunir 200 mil pessoas em uma manifestação em defesa de sua candidatura que foi convocada para domingo na Praça de Trocadéro, diante da Torre Eiffel.


Pesquisas favorecem Juppé

De acordo com pesquisa de opinião divulgada nesta sexta-feira, uma candidatura de Alain Juppé poderia reverter a dinâmica da campanha eleitoral a favor dos conservadores. O novo levantamento do instituto Odoxa aponta que Juppé venceria o primeiro turno, se substituísse Fillon, e poderia deixar a candidata populista direita Marine Le Pen, da Frente Nacional, de fora do segundo turno.

Na pesquisa, Juppé aparece com 26,5% das intenções de voto no primeiro turno, o independente Emmanuel Macron, com 25%, e Le Pen, com 24%. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.

Segundo a sondagem, se François Fillon mantiver a candidatura, será eliminado já no primeiro turno, com 19% das intenções de votos, atrás do jovem Emmanuel Macron (27%) e da extremista de direita Marine Le Pen (25,5%).

A pesquisa não analisou o cenário para o segundo turno, mas todos os levantamentos divulgados até agora apontam que Le Pen seria derrotada no segundo turno por qualquer um dos demais candidatos.

A sondagem do Odoxa foi feita nas passadas quarta e quinta-feira, após Fillon anunciar que será formalmente acusado por uso indevido de fundos públicos. Há cerca de um mês, antes do escândalo ser revelado pelo semanário satírico “Le Canard Enchaîne”, o candidato conservador ainda aparecia nas pesquisas de opinião como o favorito para derrotar Marine Le Pen. (Com agências internacionais)

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