Lava-Jato: a difícil situação de Lula deve piorar ainda mais com a quase certa delação de Palocci

A situação de Luiz Inácio da Silva, o responsável pelo Petrolão, complica-se sobremaneira com o passar dos dias. Enquanto os advogados, cujos honorários são um mistério, insistem que Lula é inocente e que jamais participou de qualquer ato ilícito envolvendo a Petrobras e outras estatais, as investigações no âmbito da Operação Lava-Jato mostram o contrário. O mesmo acontece em relação aos delatores, que têm acusado de forma recorrente o ex-presidente da República de corrupção e outros crimes.

Há dias, o ex-presidente da empreiteira OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, garantiu que o polêmico apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista, pertence a Lula, mesmo que ainda conste como propriedade da empresa. Pinheiro afirmou que João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e preso na Lava-Jato, e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, pediram para que o imóvel não fosse colocado à venda por pertencer ao petista-mor.

Enquanto os defensores de Lula afirmam que a delação de Léo Pinheiro é marcada pela ficção, o ex-presidente da empreiteira diz que entregará à força-tarefa da Lava-Jato documentos que provam a propriedade do imóvel. Aliás, segundo informações, as autoridades já estariam de posse dessas provas.


Para piorar a já difícil situação de Lula, o ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil) continua avançando nas negociações de eventual acordo de colaboração premiada. No depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro, na última semana, Palocci foi econômico nas palavras quando questionado sobre determinados assuntos, em clara demonstração de que estava não apenas a poupar Lula, mas a mandar um derradeiro recado ao PT, que abandonou o “companheiro” à própria sorte.

Desesperado, Lula tentou evitar que Palocci decidisse pela colaboração premiada, fazendo chegar ao seu ex-colaborador sua insatisfação com esse cenário. Para tal teria usado o renomado criminalista José Roberto Batochio, que defende ambos, para informar Palocci. Batochio nega que tenha feito o papel de “pombo-correio”.

Se lograr êxito nas negociações para uma colaboração premiada, Antonio Palocci não terá como poupar Lula. Aliás, os procuradores já devem ter colocado o ex-presidente da República como condição primeira para que as negociações avancem. Isso significa que Palocci terá de abrir a caixa de Pandora e revelar detalhes do maior esquema de corrupção de todos os tempos.

Diante desse quadro de poucas opções, o ex-ministro acabará reconhecendo como sendo de sua responsabilidade todas as operações que constam na planilha de propinas da Odebrecht sob o codinome “Italiano”. O que deve colocar em situação de extrema dificuldade o PT, Lula e Guido Mantega. Em outras palavras, a delação de Palocci terá efeito demolidor, pelo menos na seara petista.

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