Se quiser chegar em 2018 com chance eleitoral, PSDB deve seguir abraçado a Temer até o fim

Ficar em cima do muro não é novidade no PSDB, pois a indecisão serve para contemplar os interesses da legenda e de seus correligionários. Ou seja, os tucanos avançam na contramão mesmo que para isso seja necessário atropelar a coerência.

Longe do Palácio do Planalto desde a saída de Fernando Henrique Cardoso, o tucanato apostou na eleição de 2006 para retornar ao poder central, mas não contaram com a astúcia malandra de Lula, que naquele ano conquistou novo mandato. Em 2005, os tucanos tiveram a oportunidade de apear o ex-metalúrgico do poder, sob a justificativa de crime eleitoral no escopo do Mensalão do PT, mas sob a orientação de FHC adotaram o discurso insosso da governabilidade.

Sem uma nesga sequer de competência para fazer oposição, até porque essa não é a vocação do partido, o PSDB passou a flertar novamente com o poder a partir da chegada de Michel Temer ao principal gabinete palaciano. E à sombra do escambo bandoleiro a legenda conseguiu ministérios importantes, além de alguns punhados de cargos na máquina federal.

Para tanto, o PSDB prometeu apoio e lealdade a Temer, como a promessa de que em 2018 os peemedebistas apoiariam o candidato tucano à Presidência da República. Só mesmo inocentes acreditaram nesse acordo, já que confiar no PMDB é algo tão perigoso quanto chamar para a briga os líderes do grupo terrorista Estado Islâmico. Não que os peemedebistas sejam adeptos do terrorismo, mas não se pode confiar na palavra dos caciques da agremiação.

Recentemente, o PSDB reuniu a Executiva em Brasília para discutir sobre a permanência na base de apoio ao governo Temer, encontro que aconteceu logo após o anúncio da delação da JBS, com direito à divulgação de conversa nada republicana entre o presidente da República e o empresário Joesley Batista. Os tucanos decidiram que repensariam a decisão diante do surgimento de um fato novo.


Pois bem, fatos novos surgiram vários, mas os peessedebistas, como sempre, estão em cima do muro. Enquanto a velha guarda tenta aproveitar ao máximo as benesses proporcionadas pelos ocupados pelo partido, os chamados “cabeças pretas” (os mais jovens) querem rompimento imediato com o governo.

Mais uma vez a história mostra que o PSDB é um fiasco quando o assunto é tomar decisões. Quando acionou a tese da governabilidade, o partido perdeu a chance de colocar Lula em seu devido lugar e de onde jamais deveria ter saído.

Agora, o PSDB ensaia uma debandada em doses homeopáticas, mas parece ser tarde demais para preservar os objetivos eleitorais do tucanato. A situação é tão delicada e perigosa, que ao PSDB resta apenas uma saída: ficar na base de apoio e ajudar Temer chegar ao final do mandato, mesmo que aos solavancos, e ajudar na aprovação das reformas e propostas de estímulo à economia. Do contrário, o PSDB cairá novamente no limbo político, pois não terá condições de se juntar à oposição atual, raivosa e oportunista.

Enquanto permanece o impasse, FHC começa a trabalhar discretamente para Lula, o malandro-mor do Petrolão que jamais soube de coisa alguma. Fernando Henrique, que antes apoiava Temer, agora pede a renúncia do presidente e a antecipação das eleições gerais. Tudo o que a esquerda colérica mais deseja. Em suma, se quiser chegar em 2018 com alguma chance eleitoral, o PSDB deve manter o abraço de afogados que selou com Temer.

Em vez de fazer o jogo dos delinquentes que arruinaram o Brasil, FHC poderia se movimentar para expulsar Aécio Neves do partido. Afinal, o senador mineiro está afastado do mandato e licenciado da presidência do partido apenas (sic) porque recebeu propina de Joesley Batista. Tudo com muita pompa e circunstância, pois até na gatunagem os tucanos se apresentam com punhos de renda.

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