Alvo de escândalos de corrupção, PSDB parte para as eleições como se estivesse na fila do abate

Há muito precisando se reinventar como partido político por causa do pífio papel desempenhado como opositor aos desgovernos de Lula e Dilma Rousseff, o PSDB parte para as eleições de outubro próximo com uma bagagem problemática, que na verdade coloca a legenda na fila do abate. Cenário muito distante da soberba que exala do ninho tucano.

A situação do tucanato vem piorando com o passar dos dias, especialmente por conta dos escândalos de corrupção envolvendo direta ou indiretamente integrantes da cúpula do partido. O que compromete o cacife eleitoral de muitos candidatos.

Paulo Vieira de Souza, conhecido nas coxias tucanas como “Paulo Preto”, está preso sob a acusação de cobrar propinas em obras contratas pela Dersa, em especial no Rodoanel. As autoridades acusam Souza de formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação. Além disso, segundo as investigações, ele mantinha saldo equivalente a R$ 113 milhões no banco suíço Bordier & Cie.

Se Paulo Vieira de Souza optar pela delação premiada, o que vem sendo considerado como altamente possível, o ninho tucano irá pelos ares, promovendo um estrago monumental no partido que durante anos encheu os pulmões para discursar contra a corrupção sistêmica. Essa confusão explica o silêncio do senador José Serra (PSDB-SP).

Outra frente problemática para o PSDB reside em Minas Gerais. De um lado do imbróglio está o ex-governador Eduardo Azeredo, condenado a vinte anos e onze meses de prisão no escândalo do chamado “mensalão tucano”, por peculato e lavagem de dinheiro. O esquema contou com a participação do outrora publicitário Marcos Valério, pivô do “Mensalão do PT”. Azeredo requereu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a suspensão da pena, mas fracassou em sua tentativa.


O ministro Jorge Mussi, do STF, afirmou que a defesa teria de demonstrar a ocorrência de constrangimento ilegal, o que, segundo o magistrado, não ocorreu. “É cediço que o deferimento do pleito liminar em sede de habeas corpus, em razão da sua excepcionalidade, enseja a demonstração e comprovação, de plano, do alegado constrangimento ilegal, o que não ocorre in casu. Ante o exposto, indefere-se a liminar”, disse Mussi.

Em outra ponta da confusão está o enrolado e desaparecido senador Aécio Neves, que na próxima terça-feira (17) poderá se tornar réu por corrupção e tentativa de obstrução à Justiça. Aécio foi flagrado cobrando propina de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista para atuar no Congresso em favor do grupo J&F. Com o vazamento da gravação, o senador mineiro alegou que se tratava de um pedido de empréstimo para pagar os honorários do advogado que o defende no âmbito da Operação Lava-Jato.

Presidente nacional do PSDB e candidato da legenda à Presidência da República, o ex-governador Geraldo Alckmin também enfrenta sérias dificuldades. Acusado por delatores da Lava-Jato de se beneficiar do esquema de corrupção, Alckmin poderá ser investigado sobre os aludidos crimes, caso a Justiça aceite o pedido formulado pelo Ministério Público Federal em São Paulo.

De acordo com o MPF, depoimentos de colaboradores da Operação Lava Jato – Benedicto Barbosa da Silva Junior (responsável pelo setor de pagamento de propinas da construtora Odebrecht), Carlos Armando Guedes Paschoal (ex-diretor da Odebrecht em São Paulo) e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva (responsável da Odebrecht pelo contrato de construção da Linha 6 do Metrô de São Paulo) – indicaram o repasse irregular de recursos para Alckmin a título de contribuição eleitoral. As doações ilegais teriam contado com a participação do cunhado do ex-governador, Adhemar César Ribeiro.

Para finalizar, o ex-prefeito de São Paulo, Joao Agripino da Costa Doria Junior, que renunciou ao cargo para participar da corrida ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, tem no maleiro da sua campanha um escândalo para chamar de seu. A Parceria Público-Privada da Iluminação Pública na maior cidade brasileira está suspensa por conta de suspeitas de corrupção. Além disso, Doria, que durante a campanha à prefeitura paulistana se apresentava como “João Trabalhador”, agora é tratado pela maioria dos munícipes como “João Enganador”.

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