Temer tenta dar ares de normalidade ao governo, mas clima de incertezas políticas preocupa o País

Há aqueles que acreditam em milagres, mas em termos políticos o ano está liquidado. Com a proximidade da Copa do Mundo e, na sequência, do recesso de julho, no Congresso Nacional os políticos têm em mente apenas as eleições gerais. O que dificulta sobremaneira qualquer tentativa do Palácio do Planalto de aprovar medidas de interesse do País.

O erro do presidente Michel Temer foi não enviar ao Congresso, logo nas primeiras semanas de sua gestão, matérias necessárias para a retomada da economia. Se isso não ocorreu no momento político adequado, não será agora, em meio a uma grave crise institucional e múltiplos escândalos de corrupção, que acontecerá.

Apesar das inequívocas evidências, Temer tenta passar à opinião pública uma normalidade governamental que simplesmente inexiste. Afinal, com as dificuldades enfrentadas pelos parlamentares que tentarão a reeleição ou desde já sonham com voos mais altos, o balcão de negócios aumentou e o “preço” cobrado disparou. Ou seja, apoiar um governo impopular e desgastado por casos de corrupção custa muito em termos de contrapartidas.

Na tarde do domingo (22), Temer reuniu-se, no Palácio do Jaburu, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está sem disposição para ajudar o governo. Pré-candidato à Presidência, mesmo sem ter cacife para tanto, Maia está em campanha para garantir a reeleição ou eventualmente compor com algum presidenciável, aceitando a vaga de vice. O que seria uma aberração eleitoral.

Uma das pautas de interesse do Palácio do Planalto é a privatização da Eletrobras, que, caso aprovada, renderá ao governo perto de R$ 12 bilhões. Contudo, uma queda de braços protagonizada por Rodrigo Maia e o ministro Moreira Franco (Minas e Energia) pode mandar pelos ares os sonhos palacianos.


Maia é casado com a enteada de Moreira Franco, mas o clima é tão ruim que as desavenças tornaram-se públicas. E o presidente da Câmara dos Deputados não perde uma oportunidade sequer de atirar contra o “sogro de aluguel”.

Esse clima de discórdia ficou claro no encontro no Jaburu, pois Moreira Franco só foi ao encontro do presidente da República após Maia ter deixado o local.

O Brasil vive um momento delicado e preocupante na seara política, mas o quadro pode ser modificado na esteira da responsabilidade dos eleitores diante das urnas.

O que para muitos parece um mero detalhe, na verdade é algo de suma importância para o futuro do País. De chofre é preciso eleger um presidente da República que, além da ideologia, seja um amante da aritmética. Afinal, o próximo inquilino do Palácio do Planalto terá um sem fim de problemas para solucionar, começando pelos econômicos.

Contudo, tão importante quanto a escolha do próximo presidente é a formação do Congresso Nacional, onde a expectativa de renovação gira na casa de 30%. Em outras palavras, ao longo de quatro anos, a partir de 1º de fevereiro de 2019, o Brasil terá mais do mesmo quando o assunto é Parlamento. Isso significa que o escambo há continuar no quadriênio, talvez por muitos e longos anos.

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