Tropeçando na trilha rumo às eleições gerais, o PSDB precisa reaprender a fazer política

Que o PSDB ingressou há anos na rota da decadência todos sabem, mas o processo de derretimento político tornou-se mais célere e incisivo quando a soberba tucana se viu diante de escândalos de corrupção envolvendo próceres do partido. Antes disso, a incapacidade de fazer aos governos bandoleiros do Partido dos Trabalhadores rendeu ao tucanato as primeiras e largas doses de desconfiança do eleitorado nacional.

Sempre acreditando que são o centro do universo e a solução derradeira dos problemas nacionais, os tucanos deparam-se com a realidade que brota das campanhas eleitorais rumo à Presidência da República e a alguns governos estaduais.

Reduto principal do PSDB, o estado de São Paulo, o mais importante da federação, poderá se transformar na materialização da resposta eleitoral que o partido já deveria ter recebido há muito tempo.

Com o País embalado pela polarização e pelo radicalismo, políticos experientes começam a se movimentar – tardiamente – para consolidar uma candidatura de centro, cenário mais adequado para uma nação que está mergulhada em crise múltipla e preocupante. A grande questão que paira sobre essa tentativa de unir os candidatos de centro é o fato de o PSDB não abrir mão indicar o cabeça de chapa. Ou seja, os tucanos querem impor Geraldo Alckmin como candidato à Presidência da República.

Há muito sem empolgar os paulistas, Alckmin insiste em participar de uma corrida presidencial acirrada como se fosse estafeta de sacristia. Eleição no Brasil é jogo bruto, mas o ex-governador não abre mão do “bom-mocismo”. Algo que não funciona em um país cuja população, acostumada com a coisa pronta, está tomada pela preguiça política.


Guindado à presidência nacional do PSDB porque nenhum tucano quis assumir o compromisso de apagar o incêndio, Geraldo Alckmin acreditou que poderia unir alguns partidos na órbita de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Fosse um agrupamento de pessoas com pensamento lógico em termos políticos e desprovidas de arrogância, o PSDB teria desistido de lançar candidato ao Palácio dos Bandeirantes decidido apoiar a reeleição do atual governador Márcio França (PSB).

Tivesse tomado essa decisão, o partido teria o apoio do PSB à candidatura de Geraldo Alckmin, além de enfraquecer a candidatura do falso esquerdista Ciro Gomes (PDT), que lentamente começa a catalisar o apoio da esquerda. Apenas Lula e o PT ainda não se renderam a ideia.

Empacado nas pesquisas de opinião sobre a eleição presidencial, Alckmin começa a enfrentar resistência no sempre rachado PSDB, mas agora tem mais um problema para administrar: a decisão do PSB nacional de apoiar Ciro Gomes. E nesse apoio está incluso o governador Márcio França, que até recentemente era vice de Alckmin e corre o sério risco de não conquistar novo mandato.

Não é de hoje que o PSDB parou no tempo e desaprendeu a arte de fazer política, se é que algum dia entendeu do assunto. A primeira mostra dessa débâcle surgiu em 2005, no rastro do escândalo do Mensalão do PT. Na ocasião, os tucanos preferiram não puxar a fila de um eventual processo de impeachment contra Lula, certos de que em 2006 retornariam ao Palácio do Planalto. Enfim…

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