Bolsogate: Fabrício Queiroz está internado no hospital Albert Einstein, em SP, onde Bolsonaro foi operado

Protagonista do escândalo que vem tirando o sono da família Bolsonaro, o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz continua a léguas de distância de um depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que intimou-o por conta do rumoro caso em que o ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) aparece em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sob a rubrica “movimentação atípica”.

Intimado a prestar depoimento desde o mês passado, Queiroz informou ao Ministério Público fluminense, nesta terça-feira (8), que está internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e que no dia 1º de janeiro submeteu-se a para a retirada de tumor maligno do intestino.

O ex-assessor parlamentar, que estava lotado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi diagnosticado com neoplasia do cólon (câncer de cólon). Seus advogados informaram aos promotores do caso que Queiroz passará por nova avaliação médica para determinar o tipo de tratamento quimioterápico que terá de fazer. Ou seja, seu depoimento não acontecerá tão cedo.

De acordo com o Coaf, foi registrada movimentação financeira de R$ 1,2 milhão, considerada atípica, nas contas de Queiroz, que receberam de forma sistemática depósitos e transferências de oito servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

A investigação aconteceu na esteira da Operação Furna da Onça e suspeita-se que o caso em questão seja de desvio dos salários dos assessores, mas até então não há provas de envolvimento de Flávio Bolsonaro, que, muito estranhamente, continua calado.

Para piorar o cenário para o presidente da República, que insiste em se esquivar do escândalo com declarações evasivas, o Coaf identifico entre as movimentações atípicas a compensação de um cheque de R$ 24 mil pago à primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente afirma que o cheque é parte do pagamento de uma dívida de R$ 40 mil, mas até agora não houve comprovação do tal empréstimo. Além disso, a conta de Fabrício registra saques fracionados em dinheiro.


Queiroz faltou duas vezes a depoimento marcado no Ministério Público, alegando problema de saúde, mas teve disposição para conceder entrevista ao SBT, ocasião em que afirmou que os valores em dinheiro movimentados em suas contas bancárias eram fruto da compra e venda de veículos usados.

Apesar dessa entrevista, que exala o olor de “missa encomendada”, o ex-assessor não explicou os motivos para ter recebido tantos depósitos e transferências de assessores de Flávio Bolsonaro. Queiroz limitou-se a afirmar que no momento adequado esclarecerá os fatos ao Ministério Público, mas ao que tudo indica todos os envolvidos estão apostando no tempo como forma de jogar o escândalo na vala do esquecimento.

Explicação “mais consistente”

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI e um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro, o general da reserva Augusto Heleno disse recentemente que Queiroz continua devendo uma explicação “mais consistente”.

“Continua sendo esperada a manifestação dele [Queiroz] com alguma coisa mais consistente. Eu não achei a manifestação dele absolutamente consistente. Pode ser aquilo? Pode. O que quem está de fora espera? Uma declaração: ‘Está aqui o recibo’. Uma coisa provada”, declarou o general à GloboNews.

Com a declaração do chefe do GSI fica provado, para o desespero dos bolsonaristas, que o jornalismo do UCHO.INFO está correto ao cobrar explicações de todos os envolvidos no escândalo, a começar pelos integrantes da família Bolsonaro: Jair, Michelle e Flávio.

A grande questão é que se Fabrício Queiroz tivesse uma “explicação mais consistente” a dar, com direito a recibo e outras provas, como sugeriu o general Augusto Heleno, isso já teria acontecido há muito. Além disso, o ex-assessor jamais teria protagonizado sumiço inexplicável, deixando de comparecer aos depoimentos marcados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Por outro lado, cada um é livre para fazer suas escolhas, mas não se pode esquecer que na política não é espaço para coincidência, principalmente quando na ementa do dia há um escândalo em ebulição. Com tantos bons hospitais e médicos excelentes no Rio de Janeiro, Fabrício Queiroz decidiu cuidar do seu problema de saúde no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para onde o então candidato Jair Bolsonaro foi levado após ser operado na Santa Casa de Juiz de Fora (MG), por conta do ataque a faca sofrido em 6 de setembro de 2018.