Pífias, manifestações a favor da Lava-Jato e de Moro mostraram que paciência do brasileiro está perto do fim

As manifestações a favor da Operação Lava-Jato, de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, além de protestos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Lei de Abuso de Autoridade foram pífias em todo o País, mostrando de maneira clara que a paciência da população com o governo e os desmandos institucionalizados estão em curva descendente. Ao longo do domingo (25), maior foi o número de pessoas nos estádios, acompanhando as partidas do Campeonato Brasileiro, do que nas ruas de 46 cidades onde ocorreram os protestos.

Quem é contra a corrupção e os desmandos deveria se manifestar de maneira isonômica, não importando quem está a cometer o ilícito. O que se viu no País foi o direcionamento dos protestos para defender a Lava-Jato, que não sofre qualquer ameaça (chegou à 63ª fase) e não corre o risco de acabar. O que busca, em nome do Estado Democrático de Direito, é o estrito cumprimento da lei, pois não se pode combater um crime à sombra do cometimento de outro crime.

Os bolsonaristas, que começam a encolher em número de integrantes da seita, deveriam se preocupar não com Lula, Dilma Rousseff e alguns “companheiros” – a Justiça já se encarrega dessa turma, mesmo que em alguns casos desrespeitando a lei –, mas com a “operação abafa” deflagrada por Jair Bolsonaro para proteger o filho Flávio, alguns parentes e muitos “fantasmas” indicados para gabinetes parlamentares.

A ojeriza à corrupção e ao desmando não pode ter viés ideológico, como querem os apoiadores de Bolsonaro, que insistem na “síndrome do retrovisor” para justificar as bizarrices de um governo populista e propulsado por letargia e incompetência.


Ciente de que se interromper a fermentação do discurso de ódio sua permanência no cargo corre sério risco de ser abreviada, Bolsonaro continua em campanha para anestesiar a consciência de uma parcela menor da população, que usa a intimidação como argumento.

Eleito presidente da República, Jair Bolsonaro deveria abandonar a sensação de que é dono do País e, arregaçando as mangas, começar a governar para valer, como verdadeiro chefe de Estado, não como gerente de uma casa de alterne qualquer, que enfrenta o contraditório à base de pontapés.

Por enquanto, os raros nomes da equipe governamental que são emoldurados pela competência continuam apostando na gestão Bolsonaro, mas ninguém é irresponsável a ponto de colocar o próprio currículo no cadafalso da utopia. Até porque, presidentes da República passam, alguns com mais rapidez do que o esperado.

Ao cobrar atuação isonômica por parte do Estado, o UCHO.INFO está a defender o cumprimento da lei e o respeito à Constituição, antes que a exceção seja transformada em regra. Quando isso acontecer, o Brasil estará mergulhado no caos, sem direito a recuos ou arrependimentos.