Covas abusa da bazófia ao afirmar que comitê de crise trabalha para diminuir estragos na cidade de SP

A pasmaceira do brasileiro diante da classe política é impressionante. Maior cidade brasileira e uma das dez maiores do planeta, São Paulo amanheceu submersa nas águas que despencaram do céu durante a madrugada desta segunda-feira (10). Sempre incompetentes, mas prontas para despejar desculpas esfarrapadas sobre a opinião pública, as autoridades paulistanas alegaram que nas últimas horas choveu 66% do volume previsto para o mês de fevereiro. Resumindo, a culpa é de São Pedro, com quem o contribuinte não tem qualquer relação e para quem não paga impostos.

Prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB) divulgou um vídeo em que aparece ao lado de secretários e afirma que o comitê de crise trabalha para diminuir os estragos.

“Para se ter noção, em três horas na cidade, em algumas regiões, choveu praticamente metade do esperado para todo mês de fevereiro”, disse Covas. “O desastre teria sido muito maior se não tivesse sido o trabalho preventivo que a prefeitura fez ao longo dos últimos meses”, completou.

Em qualquer país razoavelmente sério e com um povo com sangue nas veias e vergonha, Bruno Covas já teria sido apeado do cargo, pois essas frases de efeito em nada servem para reduzir os estragos causados pela tragédia que se instalou na cidade de São Paulo. Afirmar que o caos seria maior não fosse o trabalho realizado pela Prefeitura nos últimos meses é delinquência intelectual, não sem antes configurar zombaria com aqueles que perderam o pouco que conseguiram amealhar com muita dificuldade ao longo da vida.

Covas ressaltou no vídeo que “os rios para onde vão essas águas não aguentaram essa quantidade imensa de água que choveu nas últimas horas”. Apesar da redundância, o que o prefeito de São Paulo declarou tem o mesmo efeito de chover no molhado. É óbvio que os rios não suportaram o volume das águas pluviais, mas essa desculpa está com o prazo de validade vencido desde a proclamação da Independência, ou seja, desde 1822.

A desfaçatez de Covas é tão aviltante, que no vídeo o alcaide afirma que o gabinete de crise está monitorando a situação em hospitais, escolas e trânsito para que “a cidade possa voltar a trabalhar o mais rápido possível”. Às 17h30 desta segunda-feira, quando editamos esta matéria, a capital paulista continuava debaixo d’água e com congestionamentos recordes – pessoas estão há mais de 10 horas paradas no trânsito.

No que tange ao retorno ao trabalho, é preciso saber quantas pessoas poderão retomar os próprios negócios, já que o nível de destruição é impressionante. Pequenos negócios foram destruídos pela força das águas, sendo que equipamentos e documentos foram perdidos. Mesmo assim, Bruno Covas surge em cena com frases prontas.

Como sempre acontece na política, a ousadia não tem limites. E Covas não foge à regra. No malfadado vídeo, o prefeito paulistano afirmou ter enviado às ruas mais equipes de limpeza e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), ressaltando que o rodízio de veículos está suspenso.

Bruno Covas destacou em sua fala que no momento a preocupação da Prefeitura é com deslizamentos e desabamentos. “Graças a Deus, até agora, nenhuma vítima fatal na cidade de São Paulo, por conta do trabalho preventivo que foi feito”, declarou.

O UCHO.INFO quer saber qual a diferença entre uma tragédia causada pelo fogo e outra pela água. Quando ocorre um incêndio em determinado imóvel, um edifício, por exemplo, as autoridades fazem exigências absurdas para conceder novo alvará de funcionamento. Contudo, quando acontece uma tragédia como a que se abateu sobre a maior cidade brasileira, nesta segunda-feira, nenhum cidadão tem coragem e disposição de cobrar das autoridades providências para que o caos não se repita. Talvez porque seja trabalhoso demais e questões relacionadas à política provocam uma preguiça descomunal.

No momento em que alguém, imbuído de doses extras de coragem, ingressar na Justiça cobrando indenização milionária de qualquer prefeitura por danos causados pela incompetência dos governantes, talvez a classe política acorde para a dura realidade.