Vigílias na Alemanha homenageiam vítimas de ataques xenófobos em Hanau

Milhares de pessoas se reuniram na noite de quinta-feira (20) em cidades da Alemanha para prestar homenagens às vítimas dos ataques em Hanau, em meio a reivindicações para que as autoridades do país aumentem os esforços para combater o extremismo de extrema direita.

Foram organizadas vigílias em Hanau, Hamburgo, Berlim e outras cerca de 50 cidades para demonstrar solidariedade com as famílias das vítimas e manifestar rejeição a atos de violência e xenofobia.

Na cidade que foi palco dos assassinatos, milhares de pessoas se concentraram em silêncio na presença do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. Em um curto discurso, o chefe de Estado apelou para que a população seja solidária e atue conjuntamente diante do crescimento do ódio.

“Queremos viver juntos e mostrar repetidamente que a solidariedade é o melhor remédio contra o ódio”, afirmou Steinmeier ao encerrar o evento.

 
Em Berlim, centenas de pessoas também se reuniram em frente ao emblemático Portão de Brandemburgo, no centro da capital. No local, representantes de todos os principais partidos políticos – com exceção do populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) – apareceram juntos, em uma demonstração de unidade política contra a xenofobia.

Nove pessoas morreram em ataques a tiros na noite desta quarta-feira contra dois bares de narguilé na cidade de Hanau. Todas as vítimas fatais tinham origem estrangeira, sendo que cinco cidadãos turcos estavam entre os mortos. O corpo do suspeito do crime, um alemão de 43 anos, foi encontrado horas depois em sua casa, junto ao cadáver de sua mãe, de 72 anos.

Também foi encontrada uma carta de confissão escrita pelo suspeito e vídeos em que ele expõe pensamentos racistas, defendendo ideologia de extrema direita e afirmando ser vítima de serviços de espionagem. A Procuradoria Geral alemã se encarregou do caso devido à sua provável motivação extremista.

O procurador-geral Peter Frank confirmou que a Procuradoria já havia tido contato com o suposto assassino em novembro passado. Na época, o homem registrou uma queixa criminal contra uma organização desconhecida de serviços secretos e afirmou haver uma grande organização que poderia fazer muitas coisas, como “se conectar ao cérebro das pessoas” e “controlar eventos mundiais”.

Frank também afirmou que o pai do suposto assassino estava no apartamento no momento em que foi encontrado o corpo do suspeito e que o homem está sendo considerado pelos investigadores como testemunha. (Com agências internacionais)