Harvey Weinstein é sentenciado a 23 anos de prisão por assédio sexual e estupro

 
Ex-produtor de cinema, Harvey Weinstein foi sentenciado a 23 anos de prisão nesta quarta-feira (11), após ser condenado em fevereiro passado por abuso sexual e estupro. A condenação marcou uma vitória para o movimento #MeToo, que inspirou mulheres de todo o mundo a denunciarem publicamente assédios sexuais.

A sentença foi proferida no tribunal criminal de Manhattan, em Nova York, pelo juiz James Burke, que esteve à frente do julgamento de Weinstein. Em 24 de fevereiro, um júri havia considerado o ex-produtor – acusado de assediar e estuprar inúmeras mulheres – culpado em dois casos específicos de assédio e estupro: o da então aspirante à atriz Jessica Mann, em um quarto de hotel em Nova York, em março de 2013, e o da ex-assistente de produção Mimi Haleyi, no apartamento dele, em 2016.

Ele foi condenado por ato sexual criminoso de primeiro grau no caso de 2016 e por estupro de terceiro grau no caso de 2013. Outrora um dos mais influentes produtores de Hollywood, ligado a filmes como “Pulp fiction” e “Shakespeare in love”, Weinstein, de 67 anos, enfrentava a possibilidade de ser sentenciado a até 29 anos de prisão.

O ex-produtor ainda é acusado na Califórnia de estupro de uma mulher em hotel de Los Angeles, em 18 de fevereiro de 2013, e de ataque sexual a uma outra mulher em Beverly Hills, um dia depois. Nesses casos, ele poderá ser condenado a até 28 anos de prisão. As polícias de Los Angeles e Beverly Hills ainda investigam outras denúncias.

 
Weinstein e as seis mulheres que prestaram depoimento contra ele em Nova York estavam presentes no tribunal durante a leitura da sentença. Em declaração emocionada, Haleyi falou sobre o trauma que sofreu: “Fiquei profundamente assustada, mental e emocionalmente, talvez para sempre.” No seu depoimento, ele falara que se sentiu estuprada quando o produtor fez sexo oral à força nela.

Promotores haviam afirmado que a sentença deveria refletir não apenas os crimes pelos quais Weinstein foi condenado, mas também “toda uma vida de abuso contra outras pessoas”. A defesa argumentara que um julgamento isento era impossível devido à cobertura midiática do caso e do furor causado pelo movimento #MeToo e tentara penas mais leves para o acusado, que sofre de vários problemas de saúde e compareceu ao tribunal numa cadeira de rodas, nesta quarta. Em audiências anteriores, ele usara um andador.

Mais de cem mulheres, incluindo atrizes famosas, como Gwyneth Paltrow, Salma Hayek e Uma Thurman, acusaram o ex-produtor de ataques sexuais ao longo de décadas, o que levou ao surgimento do movimento #MeToo. Weinstein nega as acusações e diz só ter mantido relações sexuais consensuais.

O júri, formado por sete homens e cinco mulheres, inocentou Weinstein das acusações mais graves, uma de estupro de primeiro grau e duas de agressão sexual predatória, que tinham potencial de resultar numa sentença à prisão perpétua. As acusações tinham como base o depoimento da atriz Annabella Sciorra, que disse que Weinstein a estuprou no início dos anos 90. (Com agências internacionais)