Brasil registra 881 novas mortes por Covid-19, mas Bolsonaro continua se dedicando à politicagem

 
Diferentemente do que afirmam os bolsonaristas e os críticos do isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19 é uma doença muito mais perigosa do que se imagina, com incontestável capacidade de, além de levar a óbito, deixar nos recuperados efeitos colaterais surpreendentes.

O foco principal do distanciamento social está na tentativa de achatar ao máximo a curva da pandemia, evitando o que temos visto em muitas cidades brasileiras: o colapso do sistema de saúde. No momento em que as pessoas evitam sair às ruas, não apenas cai o número de infectados, mas reduz o índice de ocupação de leitos de UTI em hospitais públicos e privados de todo o País.

Se há no País alguém querendo politizar a Covid-19, esse é o presidente Jair Bolsonaro, um aprendiz de tiranete que como tal não aceita limites nem admite a hipótese de ser contrariado em suas estapafúrdias decisões. Caso o isolamento social tivesse sido abandonado por governadores e prefeitos, como sugeriu Bolsonaro, o número de mortes pela Covid-19 seria muito maior do que temos atualmente. Lembrando que por conta da subnotificação dos casos do novo coronavírus a quantidade de óbitos vai além dos números oficiais.

Somente nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 881 mortes decorrentes da Covid-19, recorde em número de óbitos em um dia, totalizando 12.400 vítimas fatais em razão da doença. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (12) pelo Ministério da Saúde.

O número de casos confirmados de Covid-19 no País saltou de 168.331 para 177.589, um acréscimo de 9.258 registros entre segunda e terça-feira, mas é preciso considerar que em razão da subnotificação esse número é pelo menos dez vezes maior.

Com a atualização, o Brasil ultrapassou a Alemanha em número total de casos confirmados de Covid-19 e tornou-se o 7º país no planeta com mais casos da doença, segundo levantamento da universidade norte-americana Johns Hopkins. Até a tarde desta terça-feira, a Alemanha contabilizava 173.034 casos confirmados de Covid-19.

 
Também de acordo com dados atualizados do levantamento realizado diariamente pela universidade Johns Hopkins, o Brasil, até as 17h30 desta terça, ocupa o sexto lugar no ranking de países com mais mortes em razão do vírus SARS CoV-2, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (81.805), Reino Unido (32.769), Itália (30.911), França (26.994) e Espanha (26.744).

Enquanto cientistas estão empenhados na busca de uma vacina contra a Covid-19, a única maneira de enfrentar o novo coronavírus, evitando que o estrago seja ainda maior, é aderir incondicionalmente ao isolamento. Essa é a recomendação dos maiores especialistas nacionais e internacionais em saúde, em especial os epidemiologistas.

Bolsonaro e a politicagem

Em que pese o direito de pessoas discordarem do isolamento, é preciso salientar que nenhuma medida de combate ao novo coronavírus foi tomada com base no achismo, mas, sim, amparadas pela ciência. E não há como contestar os dados científicos, cuja veracidade vem sendo comprovada a cada morte registrada ao redor do planeta.

Os mais afoitos precisam entender que para a economia de qualquer país é mais vantajoso manter o isolamento do que reabrir os negócios e ver a curva da Covid-19 empinar rapidamente e alcançar níveis preocupantes. Isso porque os custos para tratar os infectados pelo novo coronavírus são altos e podem durar mais tempo do que o previsto.

No tocante à economia, mais precisamente em relação aos brasileiros que enfrentam dificuldades de sobrevivência, o governo Bolsonaro precisa sair do discurso fácil e partir para a ação. De nada adianta recorrer ao discurso da responsabilidade fiscal para não injetar dinheiro na economia. É importante que o governo federal saia da letargia em que se colocou diante da Covid-19 e abra o cofre, pois de alguma maneira a conta, mesmo que a longo prazo, acabará no bolso do contribuinte. Como a ordem do momento é salvar vidas, para isso é necessário injetar dinheiro na economia, sem se preocupar com eleições e reeleições.

O que Jair Bolsonaro vem fazendo ao longo desses últimos 70 dias, a exemplo do que fez desde que assumiu como presidente, é, a reboque de sua irresponsabilidade genocida, criar frentes de conflito político com possíveis concorrentes ao Palácio do Planalto. Em vez de governar, Bolsonaro se preocupa com um projeto de poder com essência fascista que, no seu tosco pensamento, permitirá sua reeleição.