Desmatamento na Amazônia leva Parlamento da Holanda a votar contra o acordo Mercosul-União Europeia

 
A suicida política ambiental do governo de Jair Messias Bolsonaro começa a dar resultados. Nesta quarta-feira (3), o Parlamento holandês aprovou uma moção contra a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), anunciado com alarde pelo governo brasileiro em 2019.

Os parlamentares holandeses usaram como argumento a questão ambiental para recomendar ao governo do país europeu veto ao acordo. Dependendo da aprovação unânime dos Legislativos dos países que integram a União Europeia para ser ratificado, o acordo, que foi negociado ao longo de 20 anos, foi pelo ares.

O Parlamento da Holanda aprovou moção do Partido pelos Animais (grupo verde europeu) obrigando o governo do país posicionar-se contra a ratificação do tratado. “Pela primeira vez, a Câmara de representantes tomou uma posição clara contra o acordo comercial, que o nosso governo era favorável. É verdadeiramente uma grande vitória para a Amazônia e para a agricultura regional durável”, afirmou ao jornal “Les Echos” a líder da bancada do Partido pelos Animais, Esther Ouwehand.

 
Na opinião dos parlamentares holandeses, o acordo com o Mercosul aumentaria o desmatamento na Amazônia e nas reservas do Cerrado, além de colocar em desvantagem os agricultores europeus, que teriam de seguir normas mais rígidas do que as impostas aos sul-americanos.

Tomando por base que a Holanda é um país de economia liberal e adepto do “laissez-faire” (livre comércio), a decisão dos deputados é considerada uma virada do jogo. A posição contrária ao acordo com o Mercosul aglutinou diversos grupos políticos, como os verdes, a direita populista, parte dos social-democratas e os defensores dos agricultores. A decisão sinaliza uma eventual mudança no comportamento econômico do bloco, contra o livre comércio.

Apesar de o governo holandês, cuja sede de fato é em Haia, não se pronunciou sobre a decisão do parlamento nem em relação à postura que tomará a partir de agora. Contudo, é importante ressaltar que a moção é vinculante, ou seja, o governo é obrigado a votar contra a ratificação do acordo. A conclusão da análise do acordo na Holanda deve acontecer em 2021, possivelmente após as eleições de março.

Além do veto dos deputados holandeses, o Parlamento da Áustria também aprovou moção contrária ao acordo com o Mercosul, obrigando o governo austríaco a votar contra o pacto nas instâncias europeias. Depois da análise de cada país, o acordo em questão irá para análise do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Duas décadas depois, o sonho virou pesadelo.