Acusada de antecipar operações da PF, Carla Zambelli diz que não tem bola de cristal nem é “Mãe Dináh”

 
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) rebateu o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que nesta quarta-feira (10) afirmou que a integrante da tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro tem “bola de cristal” para saber ações da Polícia Federal (PF).

Zambelli disse que basta “assistir aos jornais” e “acompanhar os gastos públicos” para saber que operações policiais acontecerão. Um dia antes da operação da PF deflagrada contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), Carla Zambelli antecipou, em entrevista, operações contra governadores. De acordo com a parlamentar, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também seria alvo.

“Isso se chama assistir aos jornais e acompanhar os gastos públicos. São os bilhões e bilhões que eu sei que foram enviados aos Estados”, escreveu Carla Zambelli em sua conta no Twitter, como resposta a Maia, e afirmou novamente estar disposta a entregar seu celular e abrir sigilo na investigação.

“Eu não sabia das operações específicas. Só sabia que há muito dinheiro público envolvido em vários Estados, principalmente nos que fazem oposição ao presidente. Estou disposta a entregar meu celular e abrir meu sigilo. Pode abrir para ver que eu não tenho essas informações”, destacou a deputada.

Carla Zambelli pode alegar o que bem entender, mas nem mesmo o mais competente e experiente jornalista investigativo é capaz de antecipar operações da Polícia Federal com base no noticiário e nos gastos públicos. A deputada bolsonarista poderia se dedicar a escarafunchar o atual governo, até porque há escândalos de corrupção prestes a serem revelados.

 
Não se trata de endossar qualquer ato de corrupção ou desmando por parte de políticos e governantes, mas politizar investigações e operações policiais como forma de calar adversários é no mínimo modus operandi de ditadores.

Mais cedo, Zambelli rebateu o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), que durante coletiva de imprensa, no Palácio dos Bandeirantes, chamou a parlamentar de “Mãe Dináh”, em referência à vidente Benedicta Finazza, já falecida.

A comparação feita por Dória foi uma forma de criticar o fato de Zambelli ter anunciado com antecedência que governadores entrariam na mira da Polícia Federal horas antes de a corporação deflagrar operação contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Na manhã desta quarta-feira, governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi alvo da Operação “Para Bellum”, da PF.

“Não sou Mãe Dináh, mas prevejo, sim, que seu destino na vida pública será enterrado, pois o povo já sabe quem é o senhor”, retrucou Zambelli em nota enviada à imprensa, na qual refere-se a João Dória como “ainda” governador de São Paulo.

No tocante à declaração de que a deputada estaria “engraxando as botas dos militares e do seu chefe”, Jair Bolsonaro, Zambelli afirmou que tem respeito pelo Exército Brasileiro e pelo Presidente da República.

“Gratidão não deveria prescrever, governador, mas lealdade é algo que você desconhece”, afirmou a deputada. Na corrida presidencial de 2018, João Dória foi um destacado apoiador do então candidato Bolsonaro.