Diante da possibilidade de Weintraub ser preso, Bolsonaro busca cargo no exterior para titular da Educação

 
Ainda ministro da Educação, o descontrolado Abraham Weintraub pode ser demitido nas próximas horas pelo presidente da República, como forma de o governo sinalizar ao Supremo Tribunal Federal (STF) disposição para uma eventual relação menos belicosa. Se os comentários que tomam conta dos bastidores palacianos se confirmarão ainda é cedo para afirmar, mas Jair Bolsonaro vem sendo pressionado para demitir o ministro, que desde sua chegada ao cargo nada fez em prol da Educação.

Weintraub, que sequer convenceu a opinião pública acerca do seu papel como ministro, na verdade é um assessor de confiança do presidente Bolsonaro pelo simples fato de se comportar na maior parte do tempo como franco atirador, tendo como alvo os outros dois Poderes constituídos: Judiciário e Legislativo.

A ala política do governo defende a demissão do ministro da Educação, mas Bolsonaro busca uma saída menos complexa e “sem traumas” para Abraham Weintraub, que poderá ser recompensado com algum cargo no Palácio do Planalto ou até mesmo em alguma representação diplomática brasileira no exterior.

 
A preocupação do presidente está centrada na possibilidade de Weintraub ser preso por força dos dois inquéritos de que é alvo: o que apura as notícias falsas e ataques aos integrantes do STF e o que investiga suposta prática de racismo no âmbito de postagem ofensiva à China.

Falar em “bandeira branca” do governo para o STF é no mínimo uma aposta perigosa por parte dos otimistas de plantão, pois sabe-se que os ataques de Bolsonaro e ao Judiciário continuarão existindo, mesmo que terceirizados, como vem ocorrendo nos últimos tempos. Mesmo assim, pelo fato de ser uma figura incontrolável, Bolsonaro há de desrespeitar o eventual armistício para dar vazão à sua essência autoritária.

Se o presidente da República realmente busca um cenário de pacificação com os outros Poderes, por isso estaria pronto a entregar a cabeça de Weintraub, que na fatídica reunião ministerial de 22 de abril usou o termo “vagabundos” para referir-se aos ministros da Corte, encontrar uma saída honrosa para o titular da Educação é ludibriar os integrantes do Supremo. Afinal, a ideia de que Weintraub poderia representar o governo no exterior é uma forma de evitar que ele seja preso ou de retardar ao máximo a prisão.

Para quem afirmou durante a corrida presidencial que, se eleito, agiria de forma diferente dos antecessores, Bolsonaro é o que se pode chamar de ode ao fiasco. A então presidente Dilma Rousseff tentou valer-se do mesmo expediente ao nomear o “companheiro” Lula para a Casa Civil, indicação barrada pelo STF.