Bolsonaro testa positivo novamente para Covid-19; “gripezinha” fechou o cerco no entorno do presidente

 
O Palácio do Planalto informou nesta quarta-feira (22) que Jair Bolsonaro testou novamente positivo para Covid-19. Trata-se do resultado do terceiro exame feito pelo presidente brasileiro que detecta a presença do coronavírus desde que ele anunciou, em 7 de julho, ter contraído a doença.

“O presidente Jair Bolsonaro segue em boa evolução de saúde, sendo acompanhado pela equipe médica da Presidência da República. O teste realizado pelo presidente no dia de ontem, 21, apresentou resultado positivo”, informou o governo.

Desde que contraiu a doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, Bolsonaro tem participado de compromissos oficiais por videoconferência e diz que só se reúne com auxiliares que já foram infectados.

O anúncio de que Bolsonaro tem Covid-19 foi recebido com troças por parte da população brasileira e chamou a atenção da imprensa europeia, que destacou a postura negacionista do presidente em relação à gravidade da pandemia, sua inércia para conter o avanço da doença no País e o desrespeito às medidas de proteção.

Com frequência, Jair Bolsonaro afirma que se trata com hidroxicloroquina, medicamento que não tem efeito comprovado contra a Covid-19, além de provocar efeitos colaterais graves. Enquanto o presidente brasileiro insiste na eficácia do medicamento, autoridades de saúde em todo o planeta recomendam a imediata suspensão do uso da hidroxicloroquina no tratamento da doença.

No último domingo (19), diante de um grupo de ensandecidos apoiadores nas proximidades do Palácio da Alvorada, Bolsonaro chegou a erguer uma caixa do medicamento e acenar com a embalagem para os presentes.

 
Além do presidente da República, os ministros da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e da Educação, Milton Ribeiro, também anunciaram nesta semana que testaram positivo para Covid-19.

Nos últimos meses, em diversas ocasiões, o presidente contrariou recomendações médico-sanitárias e desafiou medidas impostas para evitar aglomerações ao realizar passeios pelo comércio, participando de atos com apoiadores e abraçando e cumprimentando pessoas.

O presidente vem tentando minimizar o impacto da doença desde que o novo coronavírus chegou ao País, tendo se referido à Covid-19 como “gripezinha” ou “resfriadinho”. Ele ignorou várias vezes as recomendações da Organização Mundial de saúde (OMS) ao participar de manifestações organizadas por seus simpatizantes e provocar aglomerações, muitas vezes entrando em contato direto com apoiadores. Durante muito tempo, ele evitou utilizar a máscara de proteção.

O governo federal dificultou o acesso a informações sobre a doença e atribuiu aos governadores a responsabilidade pelo combate à epidemia.

O Brasil já superou a marca de 81 mil mortos pela Covid-19, com mais de 2,1 milhões de casos registrados. Entretanto, diversas autoridades e instituições de saúde em todo o País alertam que o número real de casos do novo coronavírus é muito maior razão da falta de testes em larga escala e da subnotificação. Alguns especialistas falam em número de casos pelo menos sete vezes maior.

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