Atrás nas pesquisas e enfrentando a débâcle da economia americana, Trump sugere adiar eleição

 
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu nesta quinta-feira (30) adiar a eleição marcada para 3 de novembro, na qual concorrerá a novo mandato. A declaração aconteceu minutos após a divulgação dos dados que mostraram um colapso da economia americana, na esteira de uma das maiores crises da história do país.

Ao defender o adiamento do pleito, Trump alegou no Twitter supostas “fraudes” que poderiam ocorrer com o voto à distância: “Com o voto universal pelo correio, a eleição de 2020 será a mais imprecisa e fraudulenta da história. Será uma grande vergonha para os EUA. Adiar a eleição até que as pessoas possam votar de forma adequada, segura e garantida???”

Devido à pandemia de Covid-19, organizações civis, autoridades e políticos do Partido Democrata vêm promovendo o voto enviado pelo correio para a eleição de 3 de novembro, que definirá não somente o presidente, mas também um terço do Senado e a totalidade da Câmara dos Representantes.

Pesquisas de opinião têm colocado Trump atrás do candidato democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden. Em 2016, apesar de ter recebido 3 milhões de votos a menos que Hillary Clinton, então candidata do Partido Democrata, o milionário republicano alcançou a vitória no Colégio Eleitoral.

Além da desvantagem nas pesquisas, a declaração de Donald Trump surge no momento em que os Estados Unidos enfrentam uma das piores crises econômicas da história, devido à pandemia de Covid-19. O Departamento de Comércio revelou nesta quinta-feira que a economia do país despencou 9,5% no segundo trimestre, na comparação com o anterior.

É a maior queda trimestral desde o início dos cálculos modernos do Produto Interno Bruto (PIB) pelo governo americano, em 1947. Situações semelhantes ocorreram apenas durante a Grande Depressão e a desmobilização depois do fim da Segunda Guerra Mundial, afirmou o “The New York Times”.

 
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Em 244 anos de existência da república americana, jamais houve adiamento das eleições, nem mesmo em 1864, quando o país enfrentava o terceiro ano da Guerra Civil. De acordo com a Constituição dos EUA, o presidente não tem autoridade legal para adiar ou cancelar uma eleição. Cabe exclusivamente ao Congresso determinar o calendário do pleito.

Os democratas acusaram Trump de, com a declaração, tentar tirar o foco dos índices econômicos divulgados nesta quinta-feira. A declaração teria pegado de surpresa também republicanos e funcionários da Casa Branca.

O senador republicano Marco Rubio disse ser contra o adiamento e acrescentou que as eleições serão legítimas e credíveis como sempre têm sido, sugerindo que “as pessoas deveriam confiar nisso”.

A deputada democrata Zoe Lofgren, presidente do comitê da Câmara dos Representantes que supervisiona a segurança das eleições, rejeitou a sugestão de mudança da data: “Somente o Congresso pode mudar a data das eleições. Sob nenhuma circunstância consideramos fazê-lo para satisfazer à resposta inadequada e aleatória do presidente à pandemia de coronavírus ou para dar credibilidade às mentiras e desinformação que ele espalha sobre como os americanos podem votar com segurança.”

Perdendo terreno para o provável candidato democrata, Trump, em recente em entrevista à emissora de televisão Fox, evitou dizer se aceitaria o resultado das eleições caso perdesse, algo que já havia feito poucas semanas antes do pleito de 2016. Sem provas, ele também tem colocado em dúvida a legitimidade do voto pelo correio.

Os ataques de Trump contra o sistema eleitoral americano ocorrem num momento de avanço da pandemia de Covid-19 no país. Os surtos mais recentes atingem especialmente estados liderados por republicanos, como a Flórida e o Texas, o que dificultou para Trump manter a alegação de que os democratas seriam os culpados pela propagação da doença em seus estados.

Devido à ameaça do vírus, há grandes dúvidas sobre quantos americanos votarão, e se será possível encontrar voluntários suficientes para as assembleias eleitorais. Com isso, o voto pelo correio vem ganhando força no país. Não há nenhuma indicação significativa de fraude nas eleições americanas, também em relação ao voto à distância, bastante popular em alguns estados. (Com agências internacionais)

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