Em luto nacional, Líbano começa a receber ajuda internacional após megaexplosão em Beirute

 
Beirute amanheceu nesta quinta-feira (6) em seu primeiro dos três dias consecutivos de luto nacional, declarado pelo primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, após uma megaexplosão ter esfacelado a região portuária da capital do Líbano na terça-feira. O desastre deixou ao menos 137 mortos, 5 mil feridos e 300 mil pessoas desabrigadas.

Vários países enviaram ajuda emergencial na quarta-feira. O Catar enviou hospitais de campanha, geradores de energia elétrica e ataduras especiais contra queimaduras, enquanto a Argélia preparou quatro aviões e um navio com ajuda humanitária, equipes médicas e bombeiros. Muitos outros países também ofereceram ou enviaram apoio médico ou humanitário.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prometeu enviar de Dubai utensílios médicos e cirúrgicos. A Alemanha enviou dezenas de especialistas em buscas e resgate para ajudar nas operações de busca por sobreviventes sob os escombros.

Moradias e acomodações para as pessoas é outro grande desafio para as autoridades da capital libanesa – a megaexplosão dizimou parte do centro da cidade. O governador da província de Beirute, Marwan Abboud, estimou que entre 250 mil e 300 mil pessoas ficaram desabrigadas devido à explosão.

O presidente da França, Emmanuel Macron, chegou ao Líbano nesta quinta-feira para se reunir com autoridades do país e avaliar a situação, de modo a preparar o envio de mais ajuda francesa. “Quero organizar a cooperação europeia e a cooperação internacional”, afirmou Macron ao desembarcar em Beirute.

Dois aviões militares franceses voaram rumo ao Líbano nesta quarta-feira transportando 55 funcionários da Defesa Civil especializados em situações de emergência, para auxiliar os profissionais de saúde locais, e 15 toneladas de equipamento, além de uma unidade móvel de saúde para atender 500 feridos.

 
Notícias relacionadas
O que se sabe até o momento sobre a megaexplosão em Beirute
O que faz o nitrato de amônio ser tão perigoso
Nitrato de amônio provocou tragédia na Alemanha há 99 anos
Líderes globais oferecem apoio ao Líbano após explosões devastadoras em Beirute
Emmanuel Macron visita a devastada Beirute e cobra reformas políticas no Líbano

Em Tel Aviv, a bandeira do Líbano foi projetada na fachada da prefeitura, no mais recente gesto de solidariedade de Israel com o Líbano, o país vizinho com o qual ainda está tecnicamente em guerra. “A humanidade precede qualquer conflito, e nossos corações estão com o povo libanês após o terrível desastre que os atingiu”, afirmou o prefeito da cidade, Ron Huldai, em mensagem no Twitter.

O ministro de Assuntos de Jerusalém, Rafi Peretz, membro do partido ortodoxo de direita Lar Judaico, condenou a homenagem. “É possível e necessário fornecer ajudar humanitária a civis que foram feridos no Líbano, mas acenar uma bandeira inimiga no coração de Tel Aviv é uma confusão moral”, disse Peretz.

Israel e Líbano ainda estão tecnicamente em guerra. Nas últimas semanas, aumentaram as tensões com o movimento xiita libanês Hezbollah. O auge do conflito entre o Hezbollah e Israel ocorreu em 2006, em confronto que durou um mês e devastou parte da infraestrutura do Líbano, atingida por intensos ataques aéreos israelenses. A guerra matou mais de 1.200 libaneses, a maioria civis, e 160 israelenses, na maior parte soldados.

Investigações em marcha

As causas do acidente ainda são desconhecidas. A origem da primeira explosão segue um mistério – houve relatos de que o estopim fora o estouro de fogos de artifício, mas a imprensa local apontou também que a explosão inicial possa ter sido provocada por trabalhos de soldagem. Já a derradeira megaexplosão, aquela que provocou a devastadora onda de choque, foi o resultado da explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio.

Diab condenou e criticou que o material químico altamente perigoso estava estocado num armazém portuário por cerca de seis anos. O governo libanês ordenou a prisão domiciliar para os funcionários portuários envolvidos no armazenamento ou na guarda do material no armazém.

“É inaceitável que um carregamento de 2.750 toneladas de nitrato de amônio esteve presente por seis anos num armazém, sem que medidas preventivas tivessem sido tomadas”, disse Diab, em reunião do Conselho de Defesa, de acordo com seu porta-voz. (Com agências internacionais)

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.