Em vez de explicar depósitos de Queiroz, Bolsonaro usa falsa versão para justificar ameaça a jornalista

 
Continua repercutindo negativamente a ameaça de agressão física feita pelo presidente Jair Bolsonaro, no domingo (23), a um jornalista de “O Globo” que questionou-o sobre os R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar acusado de comandar o esquema das “rachadinhas”, na conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Como já noticiou o UCHO.INFO, Bolsonaro mantém-se em silêncio obsequioso ou agride verbalmente quem o questiona sobre o tema porque não tem explicação plausível e convincente para um crime que está sob investigação e em breve poderá levara primeira-dama a situação de extrema dificuldade. Pelo fato de não gozar de foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado, Michelle Bolsonaro pode ser investigada, denunciada ou julgada por um crime que tornou-se comum no clã presidencial.

No afã de supostamente defender o presidente da República de mais um escândalo grave e marcado pelo totalitarismo tosco, a milícia bolsonarista passou a divulgar um vídeo sugerindo que o profissional de imprensa teria perguntado se o chefe do Executivo visitaria sua filha na cadeia.

O vídeo compartilhado por Bolsonaro não traz legenda, mas é intitulado como “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!”, como se o presidente faltasse com a verdade ao reagir de forma violenta. O vídeo também foi compartilhado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o “02”, chefe do “gabinete do ódio”, grupo de detratores da honra alheia que trabalham no Palácio do Planalto às custas do suado dinheiro do contribuinte.

 
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Segundo os sabujos que apoiam Bolsonaro, o jornalista teria dito “vamos visitar sua filha na cadeia”, mas essa afirmação distorce a realidade dos fatos. Na verdade, antes de o presidente ser questionado sobre os depósitos suspeitos, um ambulante que trabalha ao pé da Catedral de Brasília sugere ao presidente em tom de pergunta: “Vamos visitar nossa feirinha da Catedral?”. Em seguida, dirigindo a palavra ao repórter de “O Globo”, Bolsonaro diz “Vontade de encher sua boca com uma porrada, tá?”.

O UCHO.INFO sempre afirmou que Jair Bolsonaro era desprovido de competência e estofo para cargo de tamanha importância e responsabilidade, assim como alertou para o fato de que o estilo “paz e amor”, adotado pelo presidente nos últimos dois meses para evitar um processo de impeachment ou situações jurídicas que o desestabilizassem politicamente, tinha prazo de validade curto. E a prova está em cena para quem quiser conferir.

O chefe do Executivo pode alegar o que quiser para justificar um ato truculento e que atenta contra a democracia, mas em nenhuma situação um chefe de Estado tem o direito de reagir de maneira grosseira e totalitarista. Que Bolsonaro e seus quejandos chafurdam no cocho da má educação todos sabem, mas aceitar passivamente esse tipo de comportamento é concordar com o absurdo.

Aproveitando a alta nos índices de aprovação popular, impulsionados pelo pagamento do auxílio emergencial, e tentando escapar da responsabilidade pela tragédia em que se transformou a crise de Covid-19 no País, Bolsonaro voltou a acreditar que pode atacar a imprensa, desafiar as instituições e ameaçar a democracia e o Estado de Direito. Enquanto isso, na Câmara dos Deputados algumas dúzias de pedidos de impeachment repousam na escrivaninha do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O presidente da República retomou o velho estilo “bate e arrebenta” porque sabe do perigo que se avizinha da primeira-dama, que corre o sério risco de a qualquer momento ter de dar explicações à Justiça sobre os depósitos feitos em sua conta bancária por Fabrício Queiroz e Márcia Aguiar. Caso isso venha a acontecer, Bolsonaro só continuará presidente se a parvoíce do brasileiro for maior do que se imagina. Afinal, Fernando Collor e Dilma Rousseff foram “despejados” do Palácio do Planalto por muito menos.

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