Kyle Rittenhouse, 17 anos, foi preso nesta quarta-feira (26), no estado norte-americano de Wisconsin, suspeito do assassinato de duas pessoas na terceira noite de protestos contra a violência policial na cidade de Kenosha.
Registrado pela câmera de um telefone celular, o ataque mostra um jovem branco abrindo fogo no meio da rua com um fuzil semiautomático. Na gravação é possível ouvir o atirador afirmando que acabara de “matar alguém”. A pessoa que aparece no vídeo seria o adolescente, residente em Antioch, a pouco mais de 20 quilômetros de Kenosha. Ele foi detido pela polícia em sua cidade, no estado do Illinois.
Os protestos eclodiram na cidade após Jacob Blake, negro de 29 anos, ser alvejado pelas costas por policiais que atendiam um chamado sobre briga doméstica.
O incidente ocorreu na esteira de vários casos recentes de violência policial contra pessoas negras, como os que resultaram nas mortes de George Floyd, em Minneapolis, Rayshard Brooks, em Atlanta, e Breonna Taylor, em Louisville, que geraram uma onda de protestos antirracistas em todo o país.
Os mortos nos protestos em Kenosha foram identificados apenas como sendo um jovem de 26 anos de Silver Lake e outra pessoa de 36 anos, de Kenosha. Uma terceira vítima da cidade de West Allis, também de 36 anos, recebeu cuidados médicos e deve sobreviver, segundo informações da polícia, que não divulgou os nomes.
Imagens de vídeo, corroboradas por relatos de testemunhas, sugerem que a polícia teria permitido que o jovem suspeito deixasse o local sem ser interpelado, apesar de várias pessoas pedirem para que ele fosse preso por ter atirado contra os manifestantes.
O chefe da polícia local, o xerife David Beth, disse que o cenário caótico no local, com pessoas aos gritos, entoando slogans e “correndo por toda parte poderiam ter deixado os policiais sem a noção exata do que estava ocorrendo.
O adolescente será levado a um tribunal na sexta-feira, onde responderá por assassinato em primeiro grau. De acordo com as leis do Wisconsin, jovens de 17 anos sãos tratados como adultos dentro do sistema de Justiça penal. O perfil do suspeito no Facebook é repleto de exaltações aos agentes da lei, com referências a movimentos de apoio à polícia, além de mostrar fotos do jovem armado com um fuzil.
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David Beth informou que pessoas armadas estavam patrulhando as ruas da cidade nas últimas noites, mas disse não saber se o atirador estava entre eles. “São uma milícia”, disse o xerife.
Entretanto, imagens de vídeo de antes do episódio que resultou nas duas mortes mostravam policiais distribuindo garrafas de água para civis armados nas ruas da cidade. Um deles aparentava ser o suspeito pelas duas mortes. David Beth disse que seus homens distribuiriam água para qualquer pessoa que estivesse ali.
Após a confirmação das duas mortes, o governador do Wisconsin, Tony Evers, autorizou o envio de um reforço policial com 500 membros da Guarda Nacional à cidade. Evers afirmou que trabalha junto a governadores de outros estados para aumentar ainda mais esse contingente.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que enviaria por conta própria tropas federais para Kenosha, o que não foi confirmado pelo governador. Em pela campanha para a reeleição, Trump vem se esforçando para transmitir uma imagem de defensor da lei e da ordem, em meio à onda de protestos antirracismo no país.
Nos últimos meses, Trump prometeu enviar tropas para diversos locais onde protestos se intensificaram. Contudo, em várias ocasiões, autoridades locais condenaram a medida ao afirmarem que acirraria ainda mais as tensões.
“Não vamos tolerar saques, incêndios criminosos, violência e ausência da lei nas ruas americanas”, escreveu Donald Trump em sua conta no Twitter. Ele prometeu “restaurar a lei e a ordem”.
Em Kenosha, autoridades locais anunciaram toque de recolher válido a partir das 19h00, no horário local. “Uma tragédia sem sentido como essa não pode ocorrer novamente”, afirmou o governador Tony Evers, justificando a medida.
Após passar por cirurgias, Blake ainda está hospitalizado. O advogado de sua família, Benjamin Crump, disse que será “preciso um milagre” para que ele possa andar novamente. Ele pediu que o policial que disparou seja preso e que os outros envolvidos, demitidos. (Com agências internacionais)
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