Ao descartar o Renda Brasil, Bolsonaro sinaliza que Paulo Guedes está com os dias contados

 
Quando o UCHO.INFO afirma que o presidente Jair Bolsonaro ainda mostrou a que veio e o ainda ministro Paulo Guedes (Economia) sequer tomou uma medida em favor do trabalhador brasileiro, depois de mais de vinte meses no cargo, não se trata de figura de retórica ou crítica pura e simples, mas de constatação da dura realidade que chacoalha o País e coloca o cidadão de joelhos diante de uma crise que só faz crescer.

Como qualquer reles político, Bolsonaro tomou gosto pelos índices de popularidade e viu nas ações sociais uma oportunidade para alavancá-los de forma a garantir o avanço de seu projeto de reeleição.

Populista tosco e rasteiro, o presidente já não se recorda do ácido e contumaz discurso contra o PT, que abriu caminho para sua eleição em 2018, pois as pautas petistas no âmbito das políticas sociais lhe permitem se aproximar da parcela da população que depende do governo e ignora questões político-ideológicas, já que a sobrevivência é o cardápio do cotidiano.

Depois de anunciar extraoficialmente a criação do “Renda Brasil”, Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (15) que no âmbito do governo não se fala mais no programa que substituiria o Bolsa Família, apesar das similaridades entre ambos.

Quando começou a acenar com a possibilidade de lançar o Renda Brasil, o governo tinha como objetivo aproveitar a experiência proporcionada pelo auxílio emergencial, cujo fim acontecerá em dezembro próximo, e aumentar o valor do benefício do Bolsa Família à sombra de um programa apenas rebatizado.

O impasse na esfera do Renda Brasil surgiu na esteira das fontes de financiamento dos novos valores dos benefícios e da ampliação da base de beneficiários. A equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, tinha o compromisso de apresentar proposta de cortes nos gastos do governo federal, como forma de abrir espaço no orçamento da União para viabilizar o programa.

Secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues disse, no último domingo (13), que a equipe cogitou a possibilidade de congelar o salário-mínimo e benefícios como aposentadorias e pensões, além de restringir o seguro-desemprego.

 
Matéria relacionada
. De olho na reeleição, Bolsonaro suspende “Renda Brasil” e dá três dias para Guedes apresentar novo projeto

Tais medidas poderiam ser consideradas caso o governo tivesse conseguido domar a crise econômica, reduzido o nível de desemprego, aumentado o poder de compra do salário do trabalhador, contido a valorização do dólar e controlado a inflação real, aquela que corrói o dia a dia do cidadão e tira-lhe a dignidade de vida.

Em um país onde o salário vigente é quatro vezes menor do que a renda ideal, falar em congelamento de salários e aposentadorias é uma pomposa homenagem à estupidez. Além disso, medidas como as aventadas inviabilizam a retomada da economia, já que seria menor a quantidade de recursos nas mãos do consumidor.

De olho na reeleição, como temos destacado, Bolsonaro não apenas rejeitou as medidas propostas, mas disse que daria “cartão vermelho” a quem, dentro do governo, ousasse abordar o tema novamente. Paulo Guedes se fez de rogado e disse que a carraspana presidencial não tinha o seu endereço.

“Congelar aposentadorias, cortar auxílio para idosos e pobres com deficiência, um devaneio de alguém que está desconectado com a realidade”, afirmou o presidente da República.

“Quem porventura vier propor para mim uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa. É gente que não tem o mínimo de coração, o mínimo de entendimento [sobre] como vivem os aposentados no Brasil”, ressaltou Bolsonaro.

Paulo Guedes continua ministro por conta da própria teimosia, pois sua permanência no governo entrou no modo contagem regressiva. Se a reforma tributária não for aprovada até dezembro, quando cessa o pagamento do auxílio emergencial, o tal “Posto Ipiranga” terá de esvaziar as gavetas da escrivaninha.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.