Defensor da cloroquina, Bolsonaro diz que juiz não pode decidir sobre vacinação compulsória contra a Covid-19

 
Agindo no âmbito da vacinação contra a Covid-19 com o claro intuito de agradar a ala ideológica do governo e a parcela ultrarradical dos seus apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar o Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à eventual obrigatoriedade da imunização.

“Entendo que isso [não] é uma questão de Justiça, é uma questão de saúde acima de tudo. Não pode um juiz decidir se você vai ou não tomar a vacina. Isso não existe. Nós queremos é buscar a solução para o caso”, disse Bolsonaro a apoiadores que o aguardavam nesta segunda-feira (26) na saída do Palácio da Alvorada.

A declaração surge na esteira da declaração do presidente do STF, ministro Luiz Fux, que disse ver com bons olhos o fato de a Justiça entrar na discussão sobre a vacinação compulsória.

“Podem escrever, haverá uma judicialização, que eu acho que é necessária, que é essa questão da vacinação. Não só a liberdade individual, como também os pré-requisitos para se adotar uma vacina”, afirmou Fux na última sexta-feira (23).

 
Bolsonaro, que desde o início da pandemia do novo coronavírus vem adotando uma postura negacionista diante de uma doença que já matou mais de 157 mil pessoas no Brasil, insiste em politizar as questões relacionadas ao desenvolvimento de uma vacina comprovadamente eficaz. O embate vem sendo travado com o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSD), eventual candidato à Presidência em 2022 e que tem defendido a vacinação obrigatória.

Essa queda de braços levou o presidente a desautorizar publicamente o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia anunciado em caráter oficial a compra, pelo governo federal, de 46 milhões de doses da Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Estulto conhecido, Jair Bolsonaro sabe da necessidade da vacinação compulsória, em especial em um país ideologicamente dividido e com uma população que não consegue compreender o perigo que representa a pandemia do novo coronavírus. Como Dória vem defendendo a obrigatoriedade da vacinação, o presidente da República decidiu adotar discurso que contraria as palavras do governador paulista.

O presidente tem o direito constitucional à livre manifestação, desde que com a devida dose de responsabilidade, até porque o respectivo cargo exige tal postura, mas quem sugere à população o uso de medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente – cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e o vermífugo nitazoxanida (nome comercial Annita) – no tratamento da Covid-19 não tem moral para fazer provocações ao Supremo.

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