Segunda de Covid-19 obriga “lockdown” parcial na Alemanha

     
    A Alemanha entra nesta segunda-feira (2) em um lockdown parcial de um mês para tentar conter a segunda onda de covid-19 que se alastra pela Europa. Diferentemente do primeiro isolamento, que vigorou entre março e abril e paralisou a economia alemã como um todo, desta vez as medidas estão mais concentradas nos estabelecimentos de entretenimento.

    Bares, danceterias, academias de ginástica, cafés, cinemas, teatros, salas de concerto, casas de aposta, museus, entre outros, ficarão fechados até o final de novembro. Restaurantes podem funcionar apenas com serviços de entrega, e hotéis estão autorizados a receber apenas hóspedes que estiveram viajando a trabalho.

    Reuniões privadas estão limitadas a dez pessoas de no máximo duas residências diferentes. Shows e eventos semelhantes estão proibidos. Eventos esportivos profissionais podem ocorrer apenas sem espectadores, incluindo jogos de futebol da Bundesliga. Esportes coletivos amadores estão suspensos. Esportes individuais podem ser praticados, desde que respeitadas as regras de distanciamento. O governo ainda recomenda à população que não realize viagens particulares e não essenciais.

    Escolas, creches e lojas podem continuar funcionando, desde que cumpram as regras de distanciamento social e higiene. Universidades só terão aulas online. Salões de beleza e serviços como fisioterapia e fonoaudiologia podem continuar atendendo. No entanto, serviços de massagem e de estética, assim como estúdios de tatuagem, devem permanecer fechados. Em alguns estados específicos, há exceções para alguns serviços.

    O ministro da Saúde, Jens Spahn, disse nesta segunda-feira que, mesmo que a vida pública seja retomada em algumas semanas, ainda haverá o risco de novas restrições. “Ninguém pode descartar que isso acontecerá novamente em algum momento”, afirmou em entrevista ao canal de televisão ZDF. Spahn disse que haverá “meses de restrições e renúncia”.

    A Alemanha foi elogiada por ter lidado relativamente bem com a primeira onda de covid-19 no início do ano, mas os números dispararam nas últimas semanas, em meio a uma segunda onda na Europa.

    Nesta segunda-feira, o Instituto Robert Koch, agência governamental para o controle e prevenção de doenças infecciosas, reportou 12.097 novas infecções em 24 horas. No último sábado (31), a Alemanha teve o recorde de casos diários, com 19.059 novas infecções em 24 horas.

    No entanto, as autoridades destacam que os números atuais são apenas parcialmente comparáveis aos da primavera europeia, pois agora são realizados significativamente mais testes e, portanto, mais infecções são detectadas. No total, a Alemanha registra 545.027 casos do novo coronavírus e 10.530 mortes em decorrência da doença.

     
    Preocupação nos hospitais

    O presidente da Sociedade Alemã de Hospitais, Gerald Gass, disse em entrevista ao jornal “Bild” publicada nesta segunda-feira que espera um recorde de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), tendo em vista o número crescente de pessoas infectadas.

    “Em duas a três semanas ultrapassaremos o número de pacientes em terapia intensiva que tivemos em abril. Não há mais como evitar isso. Qualquer pessoa que precisar ser internada em três semanas já está infectada hoje. Infelizmente este é o prognóstico realista”, declarou.

    O novo lockdown foi decidido eu reunião na semana passada entre a chanceler Angela Merkel e os líderes dos 16 estados alemães. Eles também acertaram um novo pacote de ajuda de 10 bilhões de euros (cerca de R$ 67 bilhões), destinado a auxiliar empresas que estão sendo forçadas a fechar suas portas. Pequenas e médias empresas deverão receber 75% do valor de suas vendas perdidas em novembro por conta do fechamento, e grandes empresas terão direito a 70%.

    Merkel reconheceu que as medidas são “rígidas e duras”, mas alertou que, considerando o atual ritmo de contaminações na Alemanha, o sistema de saúde pode “atingir o limite de sua capacidade dentro de semanas”.

    “Nosso sistema de saúde ainda pode lidar com esse desafio hoje”, afirmou. “Precisamos reduzir os contatos. Se esperarmos mais tempo, teremos que reduzir os contatos ainda mais”, disse na última semana.

    De acordo com Merkel, a “curva precisa ser achatada novamente […] para que o rastreamento de contato possa ser realizado mais uma vez”. A chanceler afirmou que 75% das novas infecções não tiveram a origem do contágio determinada pelas autoridades de saúde.

    Outros países da Europa em lockdown

    O alto número de novas infecções pelo novo coronavírus leva cada vez mais países europeus a impor um segundo lockdown.

    O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou no sábado um confinamento parcial na Inglaterra. O bloqueio começa na quinta-feira e vigora, a princípio, até 2 de dezembro. Escolas e universidades devem permanecer abertas e será permitida a abertura de lojas de itens essenciais. Com mais de 46 mil mortes, o Reino Unido tem o maior número de óbitos por coronavírus na Europa.

    O premiê da Áustria, Sebastian Kurz, anunciou que um novo bloqueio no país vai vigorar pelo menos até o final de novembro. Restaurantes, instalações culturais e esportivas são afetadas. O comércio varejista pode permanecer aberto, assim como jardins de infância e escolas. No entanto, alunos do ensino médio e universitários só poderão ter aulas à distância. Há também um toque de recolher noturno entre 20h e 6h.

    Um lockdown parcial também entrará em vigor na Grécia a partir de terça-feira pelo menos até o fim de novembro, com o fechamento de restaurantes, cafés, museus, academias e cinemas. Em Portugal, entra em vigor na quarta-feira um bloqueio parcial que afeta cerca de três quartos da população. Nas 121 municipalidades afetadas – incluindo Porto e a capital, Lisboa –, os cidadãos devem permanecer em suas casas, mas podem ir trabalhar se não for possível fazer o trabalho em casa, e levar os filhos à escola. As lojas devem fechar às 22h.

    Desde a última sexta-feira (30), a França também está em lockdown parcial até pelo menos até 1º de dezembro. Os franceses só podem deixar suas casas por motivos profissionais essenciais ou por razões médicas. Declarações por escrito são exigidas nesses casos.

    Além disso, bares, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais não essenciais foram fechados. Fábricas, propriedades rurais e obras públicas continuam em funcionamento. As escolas, por sua vez, permanecem abertas, enquanto as universidades – origem de vários surtos de contágio desde setembro – terão apenas aulas online. Diferentemente do primeiro lockdown, ainda serão permitidas visitas a asilos e centros de dependência. (Com agências internacionais)

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