Os dois grandes derrotados nas eleições municipais de 2020 são Jair Bolsonaro e o extremismo político

 
No domingo (29), quando o presidente Jair Bolsonaro, na parte externa do local em que votou no segundo turno da disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro, cobrou o voto impresso, algo inconcebível, estava claro que a insinuação de fraude nas eleições tinha como objetivo minimizar uma derrota política que se consumou desde a primeira fase do processo eleitoral.

As respostas das urnas em todo o País apontaram mais uma vez para o fracasso de Bolsonaro como cabo eleitoral, já que nenhum dos candidatos que o presidente apoio logrou êxito nas eleições municipais de 2020. O chefe do Executivo tentou, sem sucesso, vender a ideia de que não fizera campanha para qualquer candidato, mas o uso das instalações do Palácio da Alvorada para transmitir pela internet propaganda eleitoral alternativa e fora da lei não deixa dúvidas a respeito do envolvimento de Bolsonaro em algumas campanhas.

Encerrado o segundo turno é possível concluir que, além de Bolsonaro, o grande derrotado nas eleições foi o extremismo. Em cima do palanque desde o fim da corrida presidencial de 2018, o presidente já vislumbra um horizonte recheado de problemas para seu projeto de reeleição.

No caso de surgir uma candidatura de centro (de esquerda ou de direita) minimamente viável em termos de chances de vitória, Bolsonaro terá dificuldades para convencer o eleitorado acerca do seu desejo de permanecer mais quatro anos no comando do País, já que muitos dos eleitores que lhe confiaram o voto em 2018 estão propensos a mudar de postura. Isso porque Bolsonaro, com o passar do tempo, mostrou à opinião pública quem realmente é e a que veio.

 
Além disso, a maioria do eleitorado brasileiro sinalizou de forma clara que daqui a dois anos votará contra a esquerda e contra o radicalismo. Isso significa que Bolsonaro terá de solucionar a crise econômica nos próximos doze meses e cooptar o Centrão para seu projeto de reeleição. Como os partidos que podem formar uma frente de centro passarão a administrar 47% das cidades brasileiras (aproximadamente 2.600 municípios) e a partir de 1º de janeiro governarão para 40% da população nacional, o quadro é desfavorável às pretensões presidenciais.

Outro fator que complica sobremaneira o plano de Bolsonaro é a projetada fragmentação da esquerda em 2022. A candidatura de Guilherme Boulos, que concorreu à Prefeitura paulistana pelo PSOL, no segundo turno ensaiou uma frente de esquerda, mas, como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, tudo não passou de balão de ensaio fracassado.

A questão é simples e confirma as muitas matérias que publicamos. Desde a derrocada petista na esteira do escândalo do Petrolão e do impeachment de Dilma Rousseff, a esquerda brasileira necessita de um processo de oxigenação de ideias, programas e ideais. Como os caciques esquerdistas são extremamente programáticos, o que significa agarrados a burocracia ideológica, a chance de esse bloco político fracassar em 2022 é muito grande.

O desempenho de Boulos na disputa pelo comando da cidade de São Paulo é prova inconteste dessa necessidade de renovação da esquerda. Outros dois detalhes comprovam nossa afirmação: 1) candidata do PcdoB à Prefeitura de Porto Alegre, Manuel d’Ávila errou enormemente ao fazer campanha com base na ideologia e nacionalizando uma disputa local. 2) a maneira como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), compareceu à seção eleitoral para votar no segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Luís usando uma camiseta vermelha com a inscrição “Lula livre”, o que mostra que a esquerda continua refém do ex-metalúrgico e do lulismo.


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