Na edição de segunda-feira (1), o UCHO.INFO afirmou que a interferência do presidente Jair Bolsonaro na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados e do Senado representava flagrante ameaça à democracia. O que antecipamos se confirmou logo após a eleição do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara. Lira, que teve o apoio do Palácio do Planalto, recebeu de Bolsonaro sinal verde para negociar cargos e liberação de verbas para garantir a vitória.
Os ignaros, integrantes da turba de apoiadores de Bolsonaro, nos dedicaram críticas e sugeriram que à esquerda cabe apenas chorar, mas desconhecem que nosso compromisso é com a verdade dos fatos e principalmente com os leitores, que acessam este portal em busca de informações corretas e análises balizadas.
Horas depois de, com uma canetada revanchista, retirar adversários da composição da Mesa Diretora da Câmara, Lira foi aconselhado a buscar um acordo como forma de evitar a judicialização do caso e não criar dificuldades para a própria gestão. Isso porque muitos parlamentares aliados consideraram seu gesto como autoritário.
Arthur Lira acatou o conselho e passou a negociar com os partidos que formaram bloco na órbita da candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que na eleição conseguiu 145 votos. O novo presidente da Câmara propôs entregar ao PT e ao PSDB, aliados de Baleia, dois dos seis cargos disponíveis na Mesa Diretora. Os demais quatro cargos ficariam com partidos aliados de Lira – PL, PSL, Republicanos e PSD.
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Reunidos no início da tarde desta terça-feira (2), partidos de oposição e aliados de Baleia Rossi não demonstraram disposição para aceitar o acordo proposto por Lira e mantiveram a decisão de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). O PDT ingressou com ação no Supremo contra a decisão do novo presidente da Câmara dos Deputados, que adiou para quarta-feira a decisão sobre a composição da Mesa Diretora.
O fato de Lira ter vencido com folga a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados (302 votos contra 145 de Baleia Rossi) não significa que terá vida fácil em sua gestão à frente da Casa legislativa. Afinal, os 211 deputados que não lhe confiaram o voto têm como atrapalhar sobremaneira a votação de pautas importantes e de interesse do Palácio do Planalto. Em suma, o melhor é tentar um célere acordo com os adversários.
Além disso, Lira foi fiador das promessas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, entre as quais a distribuição de cargos na máquina federal aos que apoiassem a candidatura do novo comandante da Câmara. No caso de o presidente da República decidir criar dificuldades para cumprir as promessas, que já estão sendo cobradas, como forma de não desagradar o chamado “bolsonarismo raiz”, o governo enfrentará seríssimas dificuldades no Parlamento.
Para quem condenou a “velha política” e o “toma lá, dá cá”, não sem antes afirmar que não poderia distribuir cargos em troca de apoio no congresso, Bolsonaro é o que se pode chamar de embuste político, status que sempre o acompanhou na vida pública.
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