Desacreditado no mercado financeiro, Paulo Guedes é ameaçado por Bolsonaro com demissões na equipe

 
O obsequioso silêncio de Paulo Guedes, ainda ministro da Economia, diante dos desvarios do presidente da República é inaceitável, principalmente porque o País encontra-se no atoleiro da crise e o horizonte permanece carrancudo e nublado. Há quem diga que esse silêncio de Guedes é uma demonstração de lealdade a Jair Bolsonaro, mas na verdade é uma tentativa desesperada do ministro para evitar sair pela porta dos fundos da Esplanada dos Ministérios.

Na campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO alertou, sem medo de errar, para o fato de que a eleição de Bolsonaro representaria um enorme perigo para o Brasil e os brasileiros, pois a trajetória política do agora presidente da República era conhecida e marcada por declarações absurdas e antidemocráticas. No campo da economia, Bolsonaro sempre foi contra o liberalismo e defendeu a todo momento a política estatizante.

Em relação a Paulo Guedes, este noticioso afirmou tratar-se de um teórico conhecido que sempre enfrentou dificuldades para levar suas ideias ao campo da realidade, da execução. Não se trata de condenar o conhecimento teórico de qualquer profissional, mas quando o País encontra-se atolado no pântano da crise e a população se desespera cada vez mais com o passar dos dias diante da piora do cenário econômico, teoria serve para nada. Afinal, como profetizou o sociólogo Herbert José de Sousa, o Betinho, “quem tem fome tem pressa”.

A mudez de Guedes após a decisão de Bolsonaro de substituir o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, sem apresentar justificativas plausíveis causa estranheza. Fosse minimamente corajoso e dotado de brios, Paulo Guedes já teria pedido demissão, até porque o liberalismo econômico defendido durante a corrida presidencial sequer entrou em cena.

Surpreende o fato de o presidente da República ainda não ter exonerado Paulo Guedes, que perdeu força no governo e prestígio no mercado financeiro nacional, que erroneamente apostou em Bolsonaro como um atalho para alavancar a economia e, ato contínuo, conquistar lucros extraordinários. Essa receita depende de muitos fatores, em especial o grau de credibilidade do País junto aos investidores. Como o presidente age como “biruta de aeroporto”, ninguém em sã consciência despejará os próprios tostões em um cenário marcado por arreganhos totalitaristas.

 
Há quase três anos, quando afirmamos ser absurdo e inviável o conjunto de promessas do então candidato Jair Bolsonaro, os alarifes de então acusaram-nos de esquerdismo explícito e de sermos financiados pelo megainvestidor internacional George Soros. Nada disso condiz com a nossa realidade, sempre pautada pelo bom jornalismo, mas a verdade, dura e cruel, veio à tona, até porque, como prega a sabedoria popular, “o tempo é o senhor da razão”.

Não obstante, Paulo Guedes viu a alcunha “Posto Ipiranga” derreter como um posto de combustível consumido pelas chamas. Da equipe econômica que estreou com Bolsonaro, ao menos quatro destacados nomes abandonaram o barco, seja por demissão ou por decisão própria: Joaquim Levy, Marcos Cintra, Salim Mattar e Roberto Castello Branco. Esse último não integra a equipe de Guedes, mas foi indicado ao posto pelo ministro da Economia. Também deixaram a equipe econômica: Paulo Uebel (secretário de Desburocratização), Rubem Novaes (presidência do BB), Mansueto almeida (secretário do Tesouro Nacional), Marcos Troyjo (secretário especial de Comércio Exterior) e Caio Megale (diretor na Secretaria Especial de Fazenda).

Porém, a guilhotina palaciana continua com disposição para novas decapitações na equipe econômica. Nos corredores do Palácio do Planalto, onde a estupidez caminha de mãos dadas com a sabujice, dois nomes da equipe de Guedes foram alçados à mira: Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda, e George Soares, secretário de Orçamento Federal.

Quem pensa que o descontrole do presidente da República chegou ao fim, engana-se. O cadafalso bolsonarista continua aberto e livre para novas e possíveis vítimas. Quase apeado do cargo de presidente do Banco do Brasil, André Brandão foi poupado por conta da interferência de Paulo Guedes, mas sua demissão não está descartada, principalmente porque Bolsonaro precisa cumprir o que combinou com o sempre ávido Centrão. A depender do grau de desespero do governo, o comando do BB é um considerável “sossega leão”.

Resumindo, Paulo Gudes é imberbe, mas deveria colocar as suíças de molho com rapidez, de preferência em água morna com arruda, alecrim, benjoim e alfazema. E salve-se quem puder nesse hospício chamado Brasil!

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