Bolsonaro disse que o mercado não quer saber de Lula, mas Bolsa sobe e dólar recua após fala do petista

 
Na segunda-feira (8), logo após o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciar a decisão de anular as condenações do ex-presidente Lula no âmbito da 13ª Vara Federal de Curitiba, Jair Bolsonaro disse a apoiadores que o País não quer o petista de volta. Para ilustrar uma fala insana e descolada da realidade, o presidente da República usou como exemplo a reação do mercado financeiro, que naquele dia registrou movimento de queda na Bolsa de Valores e alta do dólar.

Néscio confesso em termos de economia, Bolsonaro não sabe o que diz e na extensa maioria das vezes vocifera o primeiro absurdo que passa pelo pensamento. Usar o mercado financeiro como bússola para o cenário político ou vice-versa é atitude típica de amador. E o presidente da República já demonstrou ser um perigoso amador.

A reação do mercado financeiro na segunda-feira não resultou da decisão que beneficiou Lula, mas, sim, da eventual reação de Jair Bolsonaro daquele momento em diante. Isso porque para fazer contraponto à inegável popularidade do petista, goste ou não a extrema direita, Bolsonaro terá de abandonar o liberalismo econômico e mergulhar de vez no populismo tosco e barato. O que significa adotar medidas na área econômica que agradem à população e a setores da sociedade que eventualmente cerrem fileiras ao seu lado.

Além disso, Bolsonaro será obrigado a aumentar os gastos do governo com a máquina pública, já que a fidelidade do Centrão tem prazo curtíssimo de garantia. O Centrão, que se notabilizou ao longo do tempo por jogar em todas as frentes, sempre embarcando naquela que ostenta maior chance de vitória, cobrará faturas cada vez mais caras para apoiar um governante inepto, perdido e que flerta com o totalitarismo.

Diferentemente do que afirmaram diversos setores da imprensa nos últimos dois dias, a preocupação do mercado não é com Lula, mas com o presidente Jair Bolsonaro, que para manter em marcha o projeto de reeleição não pensa duas vezes antes de desautorizar o ainda ministro da Economia, o teórico Paulo Guedes.

 
A imprensa brasileira, que nos últimos anos se acomodou à porta da usina de escândalos chamada Brasil, deveria pelo menos agir de forma coerente e informar o cidadão com base na realidade dos fatos. Ao contrário, ateia fogo no paiol no primeiro momento para, em seguida, aparecer com o hidrante em punho.

Lembrando que o UCHO.INFO não tem político de estimação e foi responsável pelas primeiras denúncias sobre o esquema de corrupção que devorou os cofres da Petrobras, o mercado financeiro reagiu positivamente após a fala de Lula. Às 17 horas, a Bolsa brasileira registrava alta de 1,18%, enquanto a moeda norte-americana recuava 2,5%.

Nada custa ressaltar que Paulo Guedes disse, em 12 de março de 2020, que o dólar alcançaria o patamar de R$ 5 se fossem cometidas “besteiras”. “É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer”, afirmou o ministro.

Apenas a título de ilustração, o dólar comercial, mesmo com o recuo desta quarta-feira (10), está cotado em R$ 5,65. Por sorte as empregadas domésticas foram à Disney antes da disparada da divisa norte-americana.

Para quem não se recorda, Guedes, em evento realizado na capital federal em 12 de fevereiro de 2020, disparou: “O câmbio não está nervoso, (o câmbio) mudou. Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada. Pera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro de Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver”.

O dólar rompeu há muito a barreira dos R$ 5, mas o discurso “dólar alto é bom para todo mundo” é conversa fiada de quem patina no lodaçal das teorias econômicas. Com o dólar nas alturas, Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras na expectativa de fazer o reduzir os preços dos combustíveis. Enfim…


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.