Autoridades têm o dever de investigar ataques e ameaças das milícias bolsonaristas à médica Ludhmila Hajjar

 
Desde a corrida presidencial de 2018 até agora, o UCHO.INFO jamais deixou de alertar para o perigo que Jair Bolsonaro representa para a democracia, o Estado de Direito e às instituições. Sempre afirmamos que o presidente da República é um adepto confesso do totalitarismo e em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia brasileira.

Esse cenário vem sendo desenhado aos poucos e de forma continua, sendo que o último capítulo do plano de despotismo teve como alvo a médica cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar, convidada pelo presidente para assumir o Ministério da Saúde, mas recusou a oferta por “divergências técnicas”.

Hajjar foi elegante ao falar sobre a recusa, pois concordar com o negacionismo torpe de Bolsonaro é algo que exala repugnância. Como afirmamos em matéria publicada na edição de segunda-feira (15), o editor do UCHO.INFO disse a interlocutores, no domingo (14), que a médica dificilmente assumiria o comando da pasta pelo fato de Bolsonaro querer sempre ser o dono da última palavra, sendo que em termos de medicina, assim como em outros temas, é um ignaro conhecido.

O totalitarismo cultivado por Bolsonaro ficou evidente durante a conversa com Ludhmila Hallar, que no encontro, no Palácio da Alvorada, relatou estava sendo atacada de forma vil pela milícia bolsonarista. Ao que o presidente respondeu que os ataques fazem parte do jogo. Ou seja, os milicianos que apoiam o presidente da República se encarregam do serviço sujo contra pessoas que não se rendem aos interesses e à ideologia obtusa do governo.

 
Após anunciar que havia desistido de assumir a pasta, Ludhmila Hajjar foi alvo de desmentido por parte do governo, que usou o ministro Fábio Farias (Comunicações), outro sabujo de plantão, para informar que a médica sequer foi convidada. Essa ação rasteira do governo foi motivada pelas sinceras declarações de Hajjar, que criticou a forma como a pandemia vem sendo enfrentada.

Bolsonaro pode alegar o que bem quiser, mesmo discordando das declarações da cardiologista, mas usar a máquina estatal para desmentir uma profissional renomada e dizer que ameaças de mortes e ataques de milicianos bolsonaristas fazem parte do jogo é no mínimo caso de polícia.

Para reforçar a farsa engendrada pelo Palácio do Planalto, o hotel em que Ludhmila Hajjar ficou hospedada em Brasília divulgou nota negando a tentativa de invasão do estabelecimento. Quem conhece a capital dos brasileiros e os subterrâneos do poder sabem como se dá o desenrolar dos fatos, em especial os ilícitos. Entre acreditar nas palavras da cardiologista e as alegações pífias e bandoleiras do governo, a primeira opção é a que vale.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis e imbuídas de seus deveres, Bolsonaro já teria sido despejado do Palácio do Planalto, pois sobram crimes de responsabilidade cometidos pelo candidato a tiranete dessa república bananeira em que se transformou o Brasil. Além disso, os ataques e as ameaças a Ludhmila Hajjar precisam ser investigados com celeridade.

O tempo urge, é verdade, mas ainda é possível conter a investida ditatorial de Bolsonaro e a súcia de milicianos de plantão.

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