Disputa pelo governo do Maranhão começa com muita antecedência e revela cenário além de complexo

 
No tabuleiro político que abriga a disputa pelo governo do Maranhão, as peças começam a se movimentar com um e meio de antecedência. O que pode parecer precipitado, e de fato é, começa a produzir cenários eleitorais dos mais distintos, principalmente porque o governador Flávio Dino (PCdoB) disse que o atual vice, Carlos Brandão (PSDB), será o próximo inquilino do Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense.

É preciso lembrar que eleição se vence nas urnas, não na esteira de profecias que muitas vezes fogem da realidade. Além disso, nem sempre Dino escreve, sentado, o que diz em pé. Ou seja, o melhor é invocar São Tomé e acionar a tese do “ver para crer”.

O cenário maranhense para as eleições de 2022 é um quebra-cabeças complexo e que desfia qualquer previsão política. Carlos Brandão tem chances concretas de vencer a disputa do próximo ano, mas faz-se necessário que Dino cumpra a palavra dada. Ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, o governador do Maranhão assumiu o compromisso de fazer de Brandão seu candidato à sucessão.

Contudo, o cenário começa a embolar no vácuo da base de apoio do próprio Flávio Dino, que para cumprir a promessa de que Brandão concluirá as obras da atual gestão precisará se desincompatibilizar para que o vice assuma o comando do estado. Afinal, não se pode cravar que Carlos Brandão sairá vitorioso, pois urna eleitoral é uma caixa de surpresas, às vezes caixa de Pandora.

Nesse enxadrismo político-eleitoral há muitas variantes que esfarelar a profecia de Flávio Dino. Senador pelo PDT maranhense e aliado de Dino, o senador Weverton Rocha já trabalha para ocupar o principal gabinete do Palácio dos Leões. Rocha, cujo mandato no Senado termina em 31 de janeiro de 2027. Ou seja, Rocha poderá concorrer ao governo do Maranhão sem se preocupar com eventual derrota, já que continuará na cena política. Porém, um detalhe pode atrapalhar a eleição do senador: um conjunto de escândalos tornam sua trajetória um tanto nebulosa.

Mesmo assim, Weverton pode estar trabalhando para indicar alguém do PDT para fazer dupla com Carlos Brandão. Pesquisa do Instituto Escutec, divulgada no último final de semana, coloca Weverton Rocha em segundo lugar na disputa pelo governo maranhense (14%), em um cenário com doze candidatos. Mas não se deve esquecer que pesquisa de opinião, por mais confiável que seja, sempre é um retrato do momento. Afinal, disse o ex-governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.

 
Na mesma pesquisa, com mais onze concorrentes, a ex-governadora e ex-senadora Roseana Sarney (MDB) aparece na liderança com 23%, mas esse cenário pode mudar se Dino costurar uma aliança com a emedebista, que poderia concorrer ao Senado Federal, já que em janeiro de 2023 termina o mandato do senador Roberto Rocha, ainda filiado ao PSDB, mas bolsonarista de quatro costados. Ou seja, Roberto Rocha, que na pesquisa aparece com 8%, não esconde que seguirá os passos de Jair Bolsonaro, atualmente sem partido.

Empatado tecnicamente com o senador Weverton Rocha (14%) aparece na pesquisa o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PDT), com 13% da preferência dos eleitores. Esse ponto da pesquisa mostra de forma clara a existência um conflito de interesses dentro do PDT, já que Weverton e Edivaldo são correligionários.

No primeiro cenário da pesquisa também aparecem a senadora Eliziane Gama (Cidadania) com 3%; Wellington do Curso (PSDB), 3%; e Simplício Araújo (Solidariedade), 2%. Márcio Jerry (PCdoB) – homem de confiança de Dino –, Lahesio Bonfim (PSL), Josimar de Maranhãozinho (PL) e Felipe Costa Camarão obtiveram 1% cada.

Em cenário mais afunilado, com quatro candidatos ao governo maranhense, Roseana Sarney também lidera a pesquisa com 29%, seguida por Weverton Rocha, com 20%, Carlos Brandão, com 12%, e Roberto Rocha, com 11%. Esse resultado mostra que não deve ser descartada uma aliança entre o PSDB de Brandão com o PDT de Weverton, desde que o governador entre em cena.

No cenário sem a participação de Roseana Sarney, a disputa fica mais interessante, mas ao mesmo tempo perigosa para os pré-candidatos. Weverton aparece em primeiro, com 25%, seguido por Carlos Brandão, com 15%, e Roberto Rocha, com 13%. Mais uma vez esse cenário revela a possibilidade de uma chapa PSDB-PDT, desde que Dino saiba operar nos bastidores.

Apesar dos resultados da pesquisa Escutec, Flávio Dino continua no campo da incógnita. Em entrevista concedida nesta terça-feira a emissora de televisão local, Dino foi evasivo em suas declarações, ignorando a necessidade de direcionar a própria fala para a população, que diante das urnas eleitorais sempre é soberana. Ademais, no jogo político-eleitoral que começa a se formar no Maranhão, uma aliança entre Roseana e Weverton, que em ato contínuo cooptaria Edivaldo Júnior, esvaziaria as chances de Dino chegar ao Senado.

Mesmo com as análises acima, é imperioso considerar que se o ex-presidente Lula chegar em 2022 com condições de disputar a Presidência da República, o cenário eleitoral no Maranhão pode mudar radicalmente. Isso porque Flávio Dino terá mais ferramentas para salvar o PCdoB e emplacar seu candidato, que por enquanto é Carlos Brandão.

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