Ao dizer que faltou “erva e dinheiro” nos protestos, Bolsonaro demonstra preocupação com a voz das ruas

 
Que o presidente Jair Bolsonaro tentaria minimizar os protestos realizados contra o governo em mais de 200 cidades brasileiras, no domingo (30), era esperado. Incapaz de ouvir o recado das ruas, como se sua gestão fosse primorosa, Bolsonaro disse nesta segunda-feira (31) que os protestos reuniram “pouca gente” por “falta de erva e de dinheiro”.

Desqualificado e sofrendo de galopante delinquência intelectual, Bolsonaro tentou associar os manifestantes às drogas, como forma de descreditar o movimento e de alegrar a sua horda de apoiadores.

“Sabe por que tem pouca gente nessa manifestação da esquerda do último fim de semana? Porque a PF (Polícia Federal) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) estão apreendendo muita maconha pelo Brasil. Faltou erva para o movimento. Faltou dinheiro também”, afirmou o presidente a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, rindo em seguida.

Fosse minimamente inteligente, Bolsonaro adotaria silêncio obsequioso ou no máximo repetiria o que disse há dias a apoiadores: “Para quem não está contente comigo, tem Lula em 22”.

 
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Quem viu as imagens do protesto realizado na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, percebeu que o número de críticos do governo foi suficiente para lotar vários quarteirões e não houve registro de consumo ou apreensão de drogas. Afinal, o policiamento acompanhou de perto o protesto.

Ao reagir dessa maneira, Bolsonaro sinaliza que sentiu os efeitos dos protestos está preocupado com os desdobramentos de um movimento que começa a ganhar corpo e demorou para siar às ruas do País em razão da pandemia do novo coronavírus. Em outras palavras, mesmo tentando demonstrar tranquilidade, Bolsonaro foi tomado pelo desespero.

A questão é única e muito simples: caso as manifestações contra o governo voltem a acontecer, o que não se deve descartar, políticos da chamada base aliada começarão a pensar na possibilidade de abandonar o governo. Até porque, 2022 é ano de eleições e nenhum político quer estar ao lado de alguém que é criticado pela opinião pública. Nesse cenário, Bolsonaro terá dificuldade para manter a “compra” de apoio.

Em relação à leviana declaração de que a “falta de erva e dinheiro” provocou o suposto esvaziamento das manifestações, Bolsonaro deveria em primeiro lugar olhar para o próprio quintal. No tocante à “falta de dinheiro”, o presidente poderia explicar o aliciamento feito por bolsonaristas para manifestação em favor do governo, como já denunciou o UCHO.INFO.


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