Decisão de sediar Copa América no Brasil é o mais novo capítulo do morticínio liderado por Jair Bolsonaro

 
Criar novas frentes de conflito para, na esteira da polarização que sacode o País, tentar se fazer de vítima é o objeto do presidente Jair Bolsonaro, que começa a se preocupar com o derretimento do seu projeto de reeleição. Para tanto, Bolsonaro não descarta uma só oportunidade de protagonizar imbróglios e fermentar o absurdo.

O mais novo escárnio do presidente da República é recepcionar a Copa América no Brasil, após a Confederação Sul-Americana de Futebol, (Conmebol) descartar a realização da competição na Colômbia e na Argentina por causa da convulsão social e da pandemia, respectivamente.

Enquanto o governo demorou dez meses para responder um e-mail da farmacêutica Pfizer, com proposta de fornecimento de vacinas contra Covid-19, Bolsonaro não precisou sequer de uma hora para concordar com o pedido da Conmebol.

A decisão de sediar a Copa América acontece no momento em que o Brasil se aproxima da terceira onda de Covid-19, com aumento do número de casos e da média móvel de mortes pelo novo coronavírus, além de ocupação de UTIs acima de 80%. O intuito de Bolsonaro é criar uma frente de batalha com alguns governadores e prefeitos, que certamente vetarão a realização de jogos em virtude do avanço da pandemia no País.

 
Inicialmente, a Copa América está programada para acontecer em Brasília, Manaus, Recife e Natal, como se essas cidades estivessem livres da pandemia. O governo de Pernambuco já informou que não permitirá a realização de jogos do certame no estado, o que de chofre satisfaz o interesse de Bolsonaro, cujo objetivo é criar zonas de atrito com adversários para manter unida a base de apoiadores.

Com apenas 10% dos brasileiros imunizados com a segunda dose da vacina contra Covid-19, sediar a Copa América significa abrir caminho para o surgimento de novas e mais contagiantes cepas do coronavírus.

A imagem do Brasil no cenário internacional é a pior possível e vem se deteriorando desde a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Com essa decisão estapafúrdia, o País reforça ainda mais o status de pária internacional, situação que o ex-chanceler Ernesto Araújo classificava como positivo.

Mesmo que a Copa América promova jogos sem a presença de público, a entrada de estrangeiros pelas fronteiras não é controlada pelo governo brasileiro. Até porque, se isso de fato ocorresse, a entrada de cocaína no Brasil seria muito menor. Em suma, se o governo não controla traficantes, jamais controlará fanáticos por futebol.

Já passou da hora de os brasileiros de bem exigirem do Congresso a análise de um processo de impeachment contra Bolsonaro, que vem radicalizando em suas decisões. Ou o povo se manifesta agora, ou será tarde demais. Na Colômbia, que seria uma das sedes da Copa América, o povo está nas ruas há um mês protestando contra o governo local. O que falta para os brasileiros repetirem o gesto?

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