CPI da Covid: médica diz que “tratamento precoce” é discutir “de qual borda da terra plana vamos pular”

 
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro afirma que a CPI da Covid é um “tribunal de exceção”, apenas porque seus bajuladores caem em contradições durante os depoimentos, a médica infectologista Luana Araújo depõe nesta quarta-feira (2) aos senadores do colegiado e coloca o governo em situação de dificuldade ainda maior.

Anunciada em maio passado como chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Lula disse que após dez dias no cargo soube que sua nomeação não seria concretizada. A nomeação da infectologista foi barrada na Casa Civil da Presidência, onde prevalece os interesses bizarros e rasteiros de Jair Bolsonaro, continua abraçado ao seu negacionismo torpe.

Questionada sobre o “tratamento precoce”, defendido pelo presidente da República e seus sabujos de plantão, Luana Araújo respondeu que “essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente. Ainda estamos discutindo uma coisa sem cabimento. É como se estivéssemos discutindo de qual borda da terra plana vamos pular”.

O “tratamento precoce”, que não passa de neocurandeirismo de botequim, foi defendido pelo governo como forma de supostamente minimizar os efeitos da pandemia e permitir a chamada “imunidade de rebanho”. Ou seja, o governo Bolsonaro estava disposto a submeter a população à dor e ao sofrimento, muitas vezes à morte, para contemplar uma tese esdrúxula e criminosa.

 
Sobre a imunidade de rebanho, a infectologista afirmou: “Eu vi declarações de muitas pessoas, também do presidente. A gente precisa multiplicar lideranças com informações corretas. Na hora que qualquer pessoa, independente do seu cargo, sua posição social, defende algo que não tem comprovação cientifica você expõe a população do seu grupo a uma situação de vulnerabilidade”.

Perguntada sobre a autonomia médica como justificativa para defender o uso da cloroquina, entre outros fármacos ineficazes, a infectologista respondeu que é preciso respeitar alguns “pilares”.

“Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação. A autonomia precisa ser defendida sim, mas com base em alguns pilares. No pilar da plausibilidade teórica do uso daquela medicação, do volume de conhecimento científico acumulado até aquele momento, no pilar da ética e no pilar da responsabilização. Quando junta tudo isso, você tem direito a uma autonomia e precisa fazer o melhor para seu paciente”, disse a médica.

O depoimento de Luana Araújo, que até o fechamento desta matéria ainda estava em curso, deixa claro que o governo de Jair Bolsonaro agiu com irresponsabilidade monumental no combate à pandemia do novo coronavírus.

Por essa razão, Bolsonaro continuará desqualificando a CPI da Covid, o que tem feito com ataques rasteiros aos oposicionistas que integram o colegiado, até porque não lhe resta outra saída, que não a fermentação do negacionismo.

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