Por onde anda Augusto Heleno, que cantarolou “se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”?

 
Não restam dúvidas acerca do esquema de corrupção que campeia o Ministério da Saúde, como tem alertado o UCHO.INFO desde 2016, quando o Centrão se apoderou da pasta. Além disso, quando a Câmara dos Deputados iniciou movimento para viabilizar o fornecimento da vacina russa Sputnik V e da indiana Covaxin, por meio de medida provisória, este portal destacou a importância de se acompanhar as incursões de Ricardo barros, líder do governo na Casa legislativa.

Os recentes escândalos envolvendo negociações para a aquisição de vacinas contra Covid-19 mostram, de forma irrefutável, que a “velha política”, falsamente condenada pelo presidente Jair Bolsonaro, jamais saiu de cena.

Dependendo do Centrão para manter-se no cargo e terminar o mandato, Bolsonaro foi obrigado a lotear os primeiros escalões do governo, como se avançar sobre o dinheiro público fosse algo normal, apesar de no Brasil ser comum. Ou seja, o discurso do presidente, enquanto candidato, contra a corrupção não passou de engodo.

Ainda no início do mandato presidencial, Bolsonaro ensaiou alguns discursos contra o chamado “toma lá, dá cá”, mas uma perigosa sequência de inequívocos crimes de responsabilidade levou o presidente a se fazer de “esquecido”.

No Congresso, onde o governo conta com sólida base de apoio, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um dos próceres do Centrão, controla alguns ministérios e a execução de R$ 11 bilhões do Orçamento da União. O que não é pouca coisa. Por isso Lira, desfiando a opinião pública nacional, deixa na gaveta os mais de 120 pedidos impeachment contra Bolsonaro.

 
Em outra ponta do Centrão, o deputado Ricardo Barros foi arrastado ao cerne do escândalo das vacinas. O presidente da República, ao ser informado sobre esquema de corrupção no Ministério da Saúde, teria dito que se tratava de mais um “rolo” de Barros. Tal declaração foi revelada na CPI da Covid pelo deputado federal Luís Cláudio Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luís Ricardo, que é servidor da Saúde.

Os irmãos Miranda reuniram-se com o presidente da República em 20 de março passado, no Palácio da Alvorada, ocasião em que revelaram o esquema criminoso na pasta. Bolsonaro prometeu acionar a Polícia Federal, mas nada disso aconteceu.

Ex-diretor do departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, exonerado na esteira de escândalo, é acusado de pressionar Luís Cláudio para acelerar o processo de compra da Covaxin, vacina contra Covid-19 produzida pela farmacêutica indiana Bharat Biontech. “Afilhado” de Ricardo Barros, Dias também é acusado de cobrar propina em absurda proposta de fornecimento de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca.

Muito estranhamente, o presidente Jair Bolsonaro não desmentiu os irmãos Miranda e nem destituiu Ricardo Barros do cargo de líder do governo na Câmara dos Deputados. Em suma, o crime de prevaricação não é delírio oposicionista, muito menos obra de ficção.

Em 2018, durante a campanha presidencial, em convenção do PSL, o general da reserva Augusto Heleno, atual chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), parodiou samba de Bezerra da Silva para insinuar que os integrantes do Centrão eram ladrões. “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”, cantarolou Heleno, que na ocasião disse que o bloco parlamentar era a “materialização da impunidade”. Por onde anda o falso moralista Augusto Heleno?

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