Empresários, juristas, intelectuais e economistas divulgam manifesto em defesa do sistema eleitoral

 
O brasileiro começa a reagir às investidas autoritárias do presidente Jair Bolsonaro, que insiste em ameaçar a democracia e atacar o sistema eleitoral, como se o Estado de Direito simplesmente inexistisse.

Em manifesto, centenas de empresários, economistas, diplomatas e representantes da sociedade civil defendem o sistema eleitoral e destacam que “o princípio-chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos”.

O comunicado não faz menção a Bolsonaro, mas é incisivo ao afirmar que o País “terá eleições e seus resultados serão respeitados” e que “a sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”.

O manifesto foi divulgado no mesmo dia em que Jair Bolsonaro foi inserido na condição de investigado no inquérito das “fake news”, em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) e sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que atendeu a um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Supremo investigará a possível prática de 11 crimes por parte do presidente da República.

Entre os signatários do manifesto estão nomes de peso do meio empresarial e financeiro, como Frederico e Luiza Trajano (Magazine Luiza), Pedro Moreira Salles e Roberto Setúbal (Itaú Unibanco), Carlos Jereissati (Iguatemi), Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura) e Luís Stuhlberger (Fundo Verde). Também assinam o documento economistas como Armínio Fraga, Pedro Malan, Ilan Goldfajn, Pérsio Arida, André Lara Resende, Alexandre Schwartsman e Maria Cristina Pinotti.

A ideia de divulgação de um comunicado partiu de alguns de alguns associados do Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP) e não demorou muito para chegar a outros grupos de empresários, economistas e advogados.

“Já na hora que ele começou a adesão foi enorme”, afirmou o economista Affonso Celso Pastore, do CDPP. “A sociedade civil precisa se manifestar como na época da campanha pelas eleições diretas. Bolsonaro já entrou em todos os órgãos de controle, como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, e a luta dele agora é controlar o Judiciário. É imprescindível a união de todos em defesa da democracia”, afirmou Maria Cristina Pinotti.

 
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Redigido na terça-feira (3), o texto viralizou entre empresários, economistas e grupos representativos da sociedade civil. O documento traz a assinatura de políticos, como o presidente do Cidadania, Roberto Freire, e de dirigentes de entidades da sociedade civil, como Priscila Cruz, do Todos pela Educação. Lideranças religiosas também subscrevem o documento. Lá estão o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, e o rabino Michel Schlesinger.

“Acho espetacular a sociedade civil se mobilizar na defesa da democracia. Entendo que 70% da sociedade quer o Brasil democrático, onde vigoram o estado de direito e as liberdades. Nada mais importante para a democracia do que eleições limpas, que são garantidas pelo voto eletrônico, que vigora há 25 anos no País sem notícia de fraude”, disse o cientista político Luiz Felipe d’Avila.

No manifesto, os signatários afirmam sua preocupação com a pandemia, as mortes e a perda de empregos. Dizendo confiar no atual sistema eleitoral, os autores destacam que que as transformações da sociedade e a recuperação do País só serão possíveis pela via democrática.

“O Brasil enfrenta uma crise sanitária, social e econômica de grandes proporções. Milhares de brasileiros perderam suas vidas para a pandemia e milhões perderam seus empregos. Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo. Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática”, ressalta o manifesto.

Confira a íntegra do manifesto

“O Brasil enfrenta uma crise sanitária, social e econômica de grandes proporções. Milhares de brasileiros perderam suas vidas para a pandemia e milhões perderam seus empregos.

Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo.

Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática. O princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias.

O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados.”

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