Após dizer que inflação de 8% está “dentro do jogo”, Guedes ameaça estourar o teto de gastos em 2022

 
Na edição de segunda-feira (24), o UCHO.INFO afirmou que, após o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro em relação à Covid-19, o brasileiro é obrigado a conviver com o devaneio econômico do ministro Paulo Guedes, para quem a inflação não está fora de controle.

Que Guedes é um teórico que tem dificuldades de chegar ao campo da prática quem o conhece sabe disso, mas afirmar que uma inflação oficial na casa de 7% ou 9% a ano está “dentro do jogo” é zombar com o trabalhador brasileiro.

Principal fantasma econômico, a inflação no Brasil já não escolhe classe social para assustar – ricos e pobres estão perplexos com a disparada dos preços em especial no setor de alimentação. No segmento de alimentos, a inflação de doze meses ultrapassa a marca de 35%, o que impede o acesso das classes mais desassistidas à alimentação minimamente digna.

O preço de um quilo de carne varia de R$ 40 a R$ 60, um litro de óleo de soja custa em média R$ 8, o gás de cozinha é vendido a R$ 100 o botijão, enquanto o litro da gasolina é comercializado a R$ 7 em várias regiões do País. A taifa de energia elétrica subiu em razão da estiagem, mas deve continuar em sua curva de alta no próximo ano. O salário mínimo é de R$ 1.100,00, mas a cesta básica na cidade de São Paulo está custando R$ 1.065,00.

De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial acumulada em doze meses já atingiu dois dígitos em quatro capitais: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%). Se a inflação oficial, medida pelo IPCA, nesses patamares está “dentro do jogo”, que o ministro da Economia explique o que é “fora do jogo”.

 
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Nesta quarta-feira (25), Guedes disse que por causa do aumento do volume de precatórios (dívidas da União reconhecidas pela Justiça) e da alta da inflação, o poderá descumprir o teto de gastos – regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação do ano anterior.

O governo alega que foi surpreendido com o valor dos precatórios a serem pagos em 2022 (R$ 89,1 bilhões), alta de 64% na comparação com os R$ 54 bilhões previstos no Orçamento de 2021.

“Não tenho como pagar os R$ 90 bilhões sem afetar o funcionamento da máquina pública”, afirmou Guedes ao comentar a dificuldade na elaboração do Orçamento de 2022. Tal afirmação ocorreu durante a divulgação do recorde de arrecadação tributária registrado em julho pela Receita Federal.

Sem conseguir, até o momento, levar adiante o projeto de reforma tributária, que ziguezagueia nos corredores do Congresso Nacional, Paulo Guedes ameaça com o não pagamento de despesas obrigatórias, o que fere frontalmente a lei e poderá colocar o presidente da República em situação de extrema dificuldade política.

O nosso jornalismo não está baseado na profecia do apocalipse nem vale-se de bola de cristal, mas apenas segue o caminho da verdade dos fatos. Qualquer pessoa minimamente conectada com a realidade sabe que a política econômica do governo Bolsonaro é um enorme fracasso. Para quem foi apresentado ao eleitorado como “Posto Ipiranga”, ainda na campanha presidencial de 2018, Paulo Guedes é a “fulanização” do fiasco.


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