Aécio Neves adota discurso difuso e diz que não deixará o PSDB no caso de Dória vencer as prévias

(Dida Sampaio – Estadão)

 
Quando o governador João Dória Júnior decidiu concorrer ao comando da cidade de São Paulo, em 2016, o UCHO.INFO afirmou que o PSDB não precisaria de muito tempo para se arrepender. Fizemos alerta idêntico ao ex-governador Geraldo Alckmin, que apadrinhou a candidatura de Dória.

Agora, com o PSDB vivendo momentos de intensa turbulência partidária faltando menos de 48 horas para as prévias que definirão o candidato da legenda à Presidência da República, o resultado da disputa continua sendo uma incógnita. Certo mesmo é que o PSDB experimentará cizânia ainda maior depois de domingo (21), quando Dória, Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul) e Arthur Virgílio (ex-prefeito de Manaus) disputarão os votos dos correligionários.

Deputado federal pelo PSDB de Minas Gerais e inimigo político do governador paulista, Aécio Neves afirmou nesta sexta-feira (19) que não deixará o partido caso Dória saia vitorioso das prévias. Na verdade, a declaração de Aécio, que apoia Leite, serviu para acabar com as especulações sobre sua eventual saída da legenda. Além disso, o parlamentar mineiro não quer comprometer seu empenho para, apoiando Leite, derrotar Dória.

O que se sabe até o momento é que muitos filiados poderão deixar o PSDB se João Dória conquistar o direito de concorrer ao Palácio do Planalto em 2022. Nos bastidores políticos de Brasília muito se falou nos últimos dias sobre a ida de Aécio para o Partido Progressista (PP), com direito a levar junto vários deputados federais. Esse cenário depende da filiação de Bolsonaro ao PL, de Valdemar Costa Neto.

 
A aludida chegada de Aécio no PP o cacifaria para fazer dupla com o presidente Jair Bolsonaro, que buscará a reeleição. Há nesse tabuleiro político-eleitoral vários movimentos a serem considerados. O primeiro é que o grupo de tucanos liderados por Aécio Neves tem votado na maioria das vezes em consonância com os interesses do governo Bolsonaro.

Alguém pode alegar que ideológica e conceitualmente o tucanato e o bolsonarismo são correntes divergentes, mas não se pode esquecer que na eleição de 2018 o então candidato João Dória lançou de última hora o “BolsoDoria”. Meses depois, Dória passou a criticar o governo Bolsonaro, a exemplo do que vinha fazendo publicamente até dias atrás.

A hipótese de Aécio sair como candidato a vice na chapa de Bolsonaro ajudaria o presidente da República a esvaziar uma possível candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado, que “joga parado” enquanto flerta com o Palácio do Planalto.

Outro fator importante nesse enxadrismo político é que uma dobradinha Bolsonaro-Aécio ajudaria o atual chefe do Executivo federal a minar o tão comentado, mas ainda não confirmado, acordo de Lula com Geraldo Alckmin. Nesse caso, o ex-governador de São Paulo, que está de saída do PSDB, concorreria como vice de Lula. Conto, é preciso considerar que o eleitorado “alckmista” é conservador e tem notória resistência ao PT.

Para finalizar, as supostas chapas Bolsonaro-Aécio e Lula-Alckmin poderiam abrir caminho para um candidato da chamada terceira via, talvez Sérgio Moro, mas contra o ex-juiz da Lava-Jato pesa o fato de ter condenado acusados de corrupção com base em evidências, não em provas, como prega o Direito Penal. Sem considerar os escandalosos diálogos com os integrantes da força-tarefa de Curitiba.

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