Lula abusou do delírio ideológico ao comparar o ditador Daniel Ortega à chanceler alemã Angela Merkel

 
Por diversas vezes o UCHO.INFO afirmou que ditadura é um regime totalitário e condenável, não importando se o tirano em questão seja de direita ou de esquerda. Em suma, ditadura é e sempre será ditadura, independentemente de ideologia. E continuamos firmes nesse entendimento lógico.

Ex-presidente da República e disposto a participar da corrida presidencial de 2022, Lula, assim como o Partido dos Trabalhadores e outras legendas que gravitam na órbita da esquerda brasileira, tem dificuldade para condenar regimes que mundo afora atentam contra a democracia. Esse comportamento chega a ser repulsivo, já que é impossível render-se ao despotismo.

Na segunda-feira (22), Lula abusou da incoerência ao tentar defender o tiranete Daniel Ortega, reeleito para mais um mandato como presidente da Nicarágua, depois de clara e criminosa perseguição aos adversários políticos. Em entrevista ao jornal espanhol “El País”, o petista comparou Ortega à chanceler alemã Angela Merkel, que há dezesseis anos comanda o país europeu.

“Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que o Felipe González [primeiro-ministro da Espanha entre 1982 e 1996] pode ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?”, questionou o ex-presidente brasileiro.

 
Tal comparação é esdrúxula porque os respectivos currículos políticos de ambos – Merkel e Ortega – são díspares, para não dizer antagônicos. A chanceler da Alemanha, assim como o ex-premiê espanhol são conhecidos defensores da democracia, ao passo que Ortega é um adepto confesso da tirania que ordena a prisão de opositores.

O petista iniciou sua fala afirmando que “todo político que começa a se achar imprescindível ou insubstituível começa a virar um pequeno ditador”. “Por isso sou favorável à alternância de poder. Eu posso ser contra, mas eu não posso ficar interferindo nas decisões de um povo. Nós temos que defender a autodeterminação dos povos”, disse Lula.

O Brasil tem por princípio constitucional não interferir em assuntos internos de outras nações, mas quando a democracia, o direito à opinião e a liberdade política estão sob ameaça, qualquer governante tem o dever de se manifestar contra esse estado de coisas, como o implantado por Ortega na Nicarágua.

É compreensível que na condição de pré-candidato Lula queira agradar a esquerda nacional, mas abandonar a coerência por causa de uma candidatura sinaliza fragilidade política ou radicalismo ideológico, talvez ambos.

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