Bolsonaro abusa da vitimização e aproveita alta médica para cobrar investigação sobre ataque a faca

 
Após dois dias internado no Hospital Vila Nova Star, na zona sul da capital paulista, por causa de obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro recebeu alta médica na manhã desta quarta-feira (5).

O chefe do Executivo federal chegou ao hospital por volta das 3 horas da madrugada de segunda-feira (3) por causa de dores abdominais que surgiram após o almoço do domingo, em Santa Catarina, onde passava férias.

No Twitter, Bolsonaro publicou uma foto ao lado dos médicos e escreveu: “Alta agora. Obrigado a todos. Tudo posso NAQUELE QUE ME FORTALECE.”

Na terça-feira, o médico Antônio Luiz Macedo e sua equipe afirmaram que o quadro de suboclusão intestinal, obstrução parcial do intestino, que acometeu Bolsonaro havia se desfeito e descartou a possibilidade de cirurgia para tratar do problema.

Macedo foi responsável por operar o presidente após o ataque a faca ocorrido em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), em ato da campanha presidencial daquele ano.

Críticas devido a férias

Bolsonaro foi levado às pressas entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira de São Francisco do Sul, Santa Catarina, onde estava de férias com a família, para São Paulo. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou o presidente.

No final de 2021, Bolsonaro viajou para São Francisco do Sul, em Santa Catarina, para um período de férias, depois de passar dias no Guarujá, no litoral paulista. A estada na cidade catarinenses foi marcada por passeios de jet ski, dança sobre uma lancha e jantar em uma pizzaria.

O período de férias foi bastante criticado nas redes sociais pelo fato de Bolsonaro não ter interrompido o recesso para visitar as regiões atingidas por fortes chuvas e enchentes na Bahia.

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Vitimização ensaiada

Ao deixar o hospital, Bolsonaro criticou os que o acusam de fazer uso político da internação, mas basta conferir as primeiras declarações do presidente da República, que nas redes sociais informou que seria submetido a cirurgia.

O médico Antônio Luiz Macedo, que estava de férias nas Bahamas, voltou às pressas para, segundo ele, “apalpar o abdômen” de Bolsonaro. O UCHO.INFO afirmou em matéria anterior que qualquer médico saído recentemente da faculdade é capaz de fazer tal procedimento e estabelecer um diagnóstico. Além disso, a equipe de Macedo tem outros profissionais da saúde com condições de sobra para realizar a citada avaliação.

Goste ou não Bolsonaro, houve uso político da recente internação. Tanto é assim, que durante rápida entrevista, ao lado dos médicos, voltou a cobrar da Polícia Federal nova investigação do ataque à faca do qual foi alvo.

“Agora conseguimos adentrar no telefone dos advogados. Então, no meu entender, não está difícil desvendar esse caso, vai chegar em gente importante, não foi da cabeça dele [Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada] que ele planejou aquilo, não há dúvida de [que foi] tentativa de homicídio””, afirmou o presidente.

A PF designou, na última semana, o delegado Martin Bottaro Purper, que já comandou investigações contra a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), para assumir o caso.

“Querer dizer que estou me vitimizando é brincadeira comigo. E, outra coisa, Dr. Macedo tem sua honra e eu tenho a minha. Eu fui um candidato paupérrimo, pobre e miserável, como vou conseguir armar em cima do hospital Albert Einstein e de Juiz de Fora?”, disse o Bolsonaro na coletiva, ao reclamar das insinuações de que a facada não teria ocorrido.

O presidente da República, que não aceitou o resultado de duas investigações policiais, as quais concluíram que Adélio Bispo de Oliveira, autor do ataque, agiu sozinho, quer uma apuração que aponte um conluio político para tirá-lo da corrida presidencial de 2018. Em outras palavras, Bolsonaro insiste no Estado policialesco para favorecê-lo nas eleições de outubro.

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