A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou nesta quinta-feira (20), em reunião em Nova York, resolução que condena qualquer negação do Holocausto. A proposta foi feita por dois embaixadores, uma alemã e um israelense.
Os 193 membros da Assembleia concordaram, sem votação, com a proposta – apenas o Irã se distanciou do texto. A ONU também instou as empresas de mídia social a “tomarem medidas ativas” para combater o antissemitismo online.
“A Assembleia-Geral está enviando uma mensagem forte e inequívoca contra a negação ou a distorção desses fatos históricos”, disse a embaixadora alemã na ONU, Antje Leendertse. “Ignorar fatos históricos aumenta o risco de que eles se repitam”, acrescentou.
Apelo conjunto entre Alemanha e Israel
Susanne Wasum-Rainer, embaixadora alemã em Israel, e Jeremy Issacharaoff, embaixador israelense na Alemanha, publicaram um apelo conjunto antes da reunião desta quinta-feira em Nova York.
“Esta resolução deve ser um sinal de esperança e inspiração para todos os Estados e sociedades que defendem a diversidade e a tolerância, lutam pela reconciliação e compreendem que lembrar o Holocausto é essencial para evitar que crimes do tipo se repitam”, escreveram os dois diplomatas em texto publicado pelos jornais alemão Tagesspiegel e israelense Maariv.
Os dois embaixadores disseram que a negação do Holocausto é um ataque às vítimas e seus descendentes, ao povo judeu e à “condição básica de sociedades pacíficas e coexistência pacífica em todo o mundo”.
Definição de negação do Holocausto
A resolução estabelece uma definição de negação do Holocausto, incluindo, por exemplo, as tentativas de distorcer os fatos históricos.
Isso inclui esforços intencionais para desculpar ou minimizar o impacto do Holocausto ou seus principais elementos, incluindo colaboradores e aliados da Alemanha nazista; minimização grosseira do número de vítimas do Holocausto em contradição com fontes confiáveis; tentativas de culpar os judeus por causarem seu próprio genocídio; declarações que lançam o Holocausto como um evento histórico positivo; tentativas de obscurecer a responsabilidade pelo estabelecimento de campos de concentração e extermínio planejados e operados pela Alemanha nazista, colocando a culpa em outras nações ou grupos étnicos.
Um aniversário sombrio
O texto foi aprovado no dia que se completam 80 anos da Conferência de Wansee, quando líderes nazistas se reuniram em Berlim para discutir o assassinato sistemático de até 11 milhões de judeus na Europa. Cópias da ata da reunião de janeiro de 1942 foram descobertas por acaso, em 1947, e estão preservadas até hoje, tornando-se um símbolo do genocídio que já estava em andamento na época.
Ao contrário do que se afirma frequentemente, o extermínio organizado dos judeus não começou naquele dia de 1942. Meses antes, centenas de milhares deles já haviam sucumbido vítimas da “solução final”, em especial nos territórios da União Soviética ocupados pelas tropas alemãs desde meados de 1941. À época da conferência, 500 mil judeus, incluindo mulheres e crianças, já haviam morrido, a maioria por fuzilamento.
Alemanha “nunca esquecerá”
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que mesmo 80 anos após a Conferência de Wannsee é essencial lembrar como os diplomatas alemães se tornaram cúmplices dos crimes nazistas.
“Os funcionários do Ministério do Exterior que se colocaram a serviço dos crimes e do genocídio do regime nazista também são culpados por seu sofrimento”, disse ela.
Baerbock lembrou as vítimas do Holocausto e prometeu: “Nunca esqueceremos o que a Alemanha fez com elas”.
A Assembleia Geral da ONU designou o dia 27 de janeiro, o dia da libertação do campo de concentração de Auschwitz, como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. (Com agências internacionais)
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