Ações da Petrobras caem 7% após Bolsonaro criticar política de preços da companhia petrolífera

 
Quando concorreu à Presidência da República, em 2018, Jair Bolsonaro disse, ao final de um dos poucos debates entre candidatos que contaram com sua presença, que era o único presidenciável capaz de solucionar os problemas do País. Naquele momento, o UCHO.INFO chamou a atenção para a absurda promessa, até porque Bolsonaro é, como sempre afirmamos, despreparado para o mais reles cargo eletivo.

Presidente eleito, Bolsonaro passou a apresentar o economista Paulo Guedes como “Posto Ipiranga”, em alusão ao mote da campanha publicitária da homônima rede de postos de combustíveis. Guedes, que continua se equilibrando no cargo de ministro da Economia, nada fez para melhorar a dura realidade enfrentada pela maioria dos brasileiros. Limitou-se a culpar governos anteriores, como é praxe no Brasil, e zombar da classe trabalhadora.

Em 21 de outubro de 2021, durante uma de suas enfadonhas transmissões pela internet, Bolsonaro disse que os preços dos combustíveis no Brasil eram menores do que em outros países e que aumentariam. O presidente aproveitou a ocasião para atacar o mercado financeiro, que foi um dos responsáveis por sua eleição.

“Temos como vencer essa crise. Vai ter novo aumento de combustível? Certamente teremos. Não vou negar isso daí. Estou buscando solução. […] Aí fica o mercado nervosinho. Se vocês explodirem a economia do Brasil, pessoal do mercado, vocês vão ser prejudicados também. Querem acreditar na minha palavra ou na da Miriam Leitão?”

O que Bolsonaro deveria fazer, mas não tem coragem, é admitir que a política econômica do seu governo é um desastre. Além disso, as seguidas ameaças à democracia e às instituições acabam por afugentar investidores, que poderiam aportar maior volume de recursos no Brasil, mas não o fazem por causa da insegurança jurídica.

 
Na manhã desta segunda-feira (7), Bolsonaro disse que se reuniria com assessores para discutir uma forma de conter os aumentos na seara dos preços dos combustíveis. Não obstante, um projeto sobre o tema, que fixa a alíquota do ICMS incidente sobre os combustíveis, continua tramitando no Congresso Nacional.

Diante da possibilidade de o governo interferir na política de preços da Petrobras e temendo os efeitos da guerra da Ucrânia na economia global, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou os negócios do dia em queda de 2,52%, a 111.593 pontos. Das ações com maior relevância no índice da B3, os papeis da Petrobras puxou a fila do tombo, com 7% de queda.

Depois do estrago feito no mercado acionário, Jair Bolsonaro informou, por meio de assessores, que, considerando o lucro da estatal, é possível uma “colaboração dos acionistas” para minimizar os efeitos da cotação do petróleo sobre o preço dos combustíveis para o consumidor final. Com a nova estratégia palaciana, o projeto que tramita no Parlamento e mira os preços dos combustíveis será temporariamente suspenso.

O que o governo propõe é um “faz de conta” que atende apenas aos interesses eleitorais do presidente da República. Isso porque adversários de Bolsonaro na corrida presidencial, como Lula e Ciro Gomes, defendem o controle dos preços praticados pela Petrobras.

 
O cálculo eleitoral na seara dos combustíveis fica claro quando o Palácio do Planalto admite que a política de paridade internacional da Petrobras ajudaria presidenciáveis da oposição.

O presidente não está preocupado de fato com o consumidor, mas com a possibilidade de ser derrotado nas urnas de outubro próximo. O governo precisa rever a política econômica, se é que ainda há tempo para isso, pois pedir o sacrifício dos acionistas é passar recibo de incompetência.

Ademais, o plano que propõe controlar os preços dos combustíveis não pode ser duradouro, sob pena de a Petrobras sofrer prejuízos bilionários. O governo deveria destinar a parte que lhe cabe nos lucros da estatal para a formação de um fundo de compensação que permita controlar os preços dos combustíveis.

O controle de preços no âmbito da Petrobras não é uma operação que tem resultados dos melhores. A então presidente Dilma Rousseff cometeu esse erro e por ocasião da liberação dos preços o impacto foi enorme.

Apesar de todo esse intrincado cenário, Bolsonaro continua fingindo que tem postura neutra em relação à guerra da Ucrânia. Não é preciso doses extras de raciocínio para perceber que o governo brasileiro escolheu o lado da guerra. Talvez porque, como noticiamos em primeira mão, os hackers a serviço do russo Vladimir Putin poderão dar uma “mãozinha” a Bolsonaro na eleição vindoura.

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