Bolsonaro manda liberalismo de Paulo Guedes pelos ares e pode congelar preços dos combustíveis

 
Quando concorreu à Presidência da República, em 2018, Jair Bolsonaro disse ser o único candidato capaz de solucionar os problemas do País. Na ocasião, o agora presidente da República apresentou ao eleitorado o economista Paulo Gudes, a quem chamou de Posto Ipiranga, em alusão ao mote da campanha publicitária da homônima rede de postos de combustíveis.

Guedes animou o mercado financeiro com a ferrenha defesa que fazia do liberalismo econômico. O mercado, goste ou não, foi um dos responsáveis pela eleição de um despreparado que insiste na tese de que é um enviado de Deus.

A renovação na política prometida por Bolsonaro não aconteceu, pelo contrário, e o presidente tornou-se presa fácil para o que há de pior na política nacional: o Centrão. Para se ter ideia da grave situação em que se encontra o governo, Paulo Guedes, então todo-poderoso, agora deve satisfações a Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil e um dos próceres do Centrão.

Com a economia brasileira enfrentando solavancos e tropeços, situação que é refletida nas pesquisas eleitorais, o presidente não pensou duas vezes para mandar o liberalismo de Paulo Guedes pelos ares e decidir interferir na política de preços da Petrobras.

Na esteira da decisão das grandes economias de impor sanções econômicas à Rússia por conta da guerra que vem devastando a Ucrânia, Bolsonaro recorreu ao cálculo eleitoral para tomar a decisão que pode se transformar em uma bomba de efeito retardado, a exemplo do que aconteceu no governo da petista Dilma Rousseff.

 
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Bolsonaro deve decidir ainda nesta terça-feira (8) como se dará essa interferência na Petrobras, que, a depender do conselho da companhia, pode rejeitar a investida palaciana. O presidente da República está preocupado com os efeitos da inflação em sua campanha pela reeleição, por isso optou por fazer o que o liberalismo econômico condena com todas as forças.

Após o presidente americano, Joe Biden, anunciar a proibição de importação de petróleo russo pelos Estados Unidos e a União Europeia acenar com a possibilidade de reduzir em dois terços a compra de gás natural da Rússia, a situação do governo brasileiro é delicada. Isso porque o preço do petróleo Brent no mercado internacional disparou, chegando a ser comercializado nesta terça-feira por US$ 129 por barril.

Com esse cenário provocado pela tragédia patrocinada pelo russo Vladimir Putin na Ucrânia, a Petrobras não terá como aceitar a proposta de Bolsonaro, transferindo o prejuízo aos acionistas. O governo brasileiro é majoritário na empresa petrolífera, mas é preciso respeitar os direitos dos acionistas minoritários.

Fato é que os preços dos combustíveis no Brasil entram em curva de alta, o que impacta a inflação de forma generalizada. Além disso, os custos de importação e processamento do petróleo sofrerão aumento.

 
Para evitar uma zona de confronto, em especial com os acionistas minoritários da Petrobras, o governo avalia a criação de um subsídio de curto prazo para segurar os preços dos combustíveis, mas o teto de gastos é considerado um entrave para que o plano avance. Caso o aludido subsídio englobar a gasolina e o diesel, o custo para o Tesouro Nacional será enorme.

Em relação ao diesel, a importação do produto corre o risco de ser suspensa caso o governo opte pelo congelamento do preço do combustível. Isso se deve à impossibilidade de repassar ao consumidor os efeitos colaterais da alta do preço no mercado internacional. Com o abastecimento de diesel correndo risco, o transporte de alimentos poderá ser comprometido, com direito a aumento de preços.

Independentemente da solução a ser definida pelo governo, o brasileiro pagará, mesmo que de forma indireta, a conta para que Bolsonaro continue sonhando com a reeleição. Fosse minimamente coerente, Paulo Guedes e a equipe econômica pediriam demissão diante da patacoada oficial.

É importante lembrar no âmbito desse enredo que Bolsonaro, um defensor da soberania brasileira, foi a Moscou para visita oficial a Vladimir Putin e disse ser solidário à Rússia, faltando poucos dias para a invasão à Ucrânia. Além disso, o governo brasileiro, que tem feito malabarismos para não desagradar a Bolsonaro, afirma que o Brasil defende a paz na Ucrânia, mas não condena aberta e diretamente o líder russo.

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